Eu conheço homens que estão donos de casa. E a maioria deles considera esta uma condição temporária devido, principalmente, ao desemprego. Levam e buscam os filhos na escola, orientam o tema de casa, vão ao súper com a lista na mão, fazem comida, faxina, trocam lâmpada, tudo o que até bem pouco tempo quem fazia eram só as mulheres.Um deles, de tanta demora em conseguir uma recolocação no mercado de trabalho, está vendendo Natura e Avon. Organizado, que só ele! Tem planilha Excel pra controlar os pedidos e até terceiriza a entrega quando as tarefas de casa são tantas, que não dá tempo de buscar as crianças e entregar batom na mesma tarde.

Malabarismo

O papel de sustentar a família não chega a inverter entre os casais, mas forçados pela famosa crise político-econômica que estamos vivendo no Brasil, é preciso mesmo se adaptar. E nesse vai-vem de procurar emprego de carteira assinada, enviar currículo, fazer entrevista, assar um frango pro almoço e colocar o lixo na rua, tem homem que descobre o valor de uma camisa passada no cabide e uma toalha cheirosa pra se secar depois do banho. O bom é que também tem muita mulher por aí que até então se virava nos 30 pra trabalhar fora, cuidar dos filhos, da casa, e só agora ganhou reconhecimento do parceiro. Nada como a lida doméstica pra saber como é...

Sangue frio

Enquanto a maré da prosperidade não sobe, o negócio é se adaptar às oportunidades que aparecem. Nesse meio tempo, soube de homem que não sabia cozinhar um ovo e descobriu um talento gastronômico inrustido: vende uma marmita diferente. Cada dia da semana é um só tipo de comida + salada. Segunda tem carreteiro, terça tem panqueca de carne, quarta tem massa, e por aí vai.A coisa está tão preta, que não adianta entrar em desespero porque não tem emprego ou porque é a mulher quem tem salário maior. Quem conseguir encarar essa crise com jogo de cintura e sangue frio vai sair ganhando muito mais do que imagina.

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