Consumir água da torneira para realizar qualquer atividade básica como cozinhar, tomar banho ou escovar os dentes é sinônimo de incerteza para os moradores do Bairro Santa Cecília, em Viamão.

De uma hora para outra, a água começa a sair preta. De tão escura, fica até fácil confundir um copo de água com um de café.

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Morador da Rua Guaporé, Renato Montechiaro, 44 anos, diz que isso acontece pelo menos um vez por mês, há cerca de quatro meses. A mais recente, no dia 15 de maio, a água demorou mais para voltar ao normal.

– Sempre que isso acontece fica só uns cinco minutos e para. Desta vez ficou uns 15 minutos. Minha vizinha perdeu uma máquina inteira de roupas brancas – relembra.

Ele diz que ligou várias vezes para a Corsan para reclamar do problema mas se deparou com as linhas ocupadas em todas as tentativas.

Transtornos

Chuveiro entupido e pia encardida são alguns dos incômodos que o problema traz. Mesmo depois que a água volta ao normal, não há confiança para utilizá-la por causa do gosto e do cheiro ruins.

Renato, que é instalador hidráulico, lamenta ter que gastar com água mineral.

– Até para fazer um suco natural não dá porque perde todo o gosto. Tu vais tomar banho e te arde os olhos. É um absurdo. Nossa conta é cara e a água é horrível – queixa-se o morador, que diz ter que desembolsar cerca de R$ 60 por mês com bombonas.

Gastos

No Bairro Santa Isabel, a situação é parecida. Moradora da Rua de mesmo nome, a dona de casa Helena Rodrigues da Silva, 66 anos, relata que na mesma semana do ocorrido no bairro vizinho, ficou 24 horas sem poder utilizar a água da torneira.

Segundo ela, não é a primeira vez que isso acontece.

– Perto do meio-dia, a água começou a vir preta e só foi voltar ao normal no outro dia, à tardinha. Não dava nem para lavar roupa. Para beber tivemos que comprar. A Corsan nos cobra caro para não termos água – reclama Helena.

Corsan diz que cor é consequência de manutenção na rede

"Nos últimos meses, ocorreram rompimentos nas adutoras que enviam água de Alvorada para Viamão. Quando a Corsan executou os consertos, as redes ficaram vazias, o que fez as substâncias incrustadas na parte interna das tubulações se soltarem. No momento em que a água retornou, acabou levando adiante essas substâncias, oriundas dos processos de tratamento da água. Ao término dos reparos, a companhia realizou expurgo das redes, mas sobraram alguns resíduos, que chegaram aos imóveis dos clientes. A coloração não afeta a potabilidade da água, à qual pode ser consumida e, normalmente, retorna às suas condições normais em poucos minutos.

Com o objetivo de evitar rompimentos, a Corsan está substituindo 2,6 mil metros de adutora por tubulações novas, com diâmetro maior, em Alvorada. A medida diminuirá a incidência de vazamentos e dará maior vazão à água enviada para Viamão. A companhia também estuda o uso de novos pontos para a execução de expurgos, a fim de aumentar a eficiência na limpeza da água após os consertos de rompimentos."