Estupro coletivo no Rio
Em conversa no WhatsApp, delegado afastado duvida do estupro da adolescente de 16 anos
Alessandro Thiers disse que jovem teve relação consentida com uma pessoa
Uma conversa no WhatsApp obtida pelo jornal Extra revelou que o delegado Alessandro Thiers, afastado da investigação do estupro coletivo da adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro, tem dúvidas quanto à veracidade do crime.
Conforme Thiers, a jovem teria tido uma relação sexual consentida com uma pessoa. O delegado titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DPCI) diz que "há fortes indícios de que não houve estupro" e que o "único crime seria a divulgação do vídeo".
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Por outro lado, Thiers disse que o "relato de abuso" ocorreu "há tempos atrás", e que a jovem teria sustentado que os autores do crime não foram mortos pelo chefe do tráfico local justamente a pedido dela. O delegado também reforçou a justificativa dada à polícia por um dos rapazes que a frase "mais de 30 passaram aqui", que pode ser ouvida no vídeo que revelou o caso, seria apenas referência a uma música.
Thiers também disse que a adolescente frequentava a favela onde ocorreu o crime e tem contatos com traficantes do lugar.
Outra referência feita pelo advogado tem relação com a participação de Eloísa Samy, a advogada que defendia a vítima. Samy foi alvo de investigação do delegado durante os protestos de 2013 no Rio de Janeiro. De acordo com O Globo, Samy teria se envolvido em atos de vandalismo e mantido contato com a ativista Elisa Quadros, a Sininho, presa em 2014.
Na conversa obtida pelo Extra, o delegado levanta a possibilidade de as duas mulheres terem interferido no depoimento dado pela adolescente.
Alessandro Thiers foi afastado do caso no domingo, quando a investigação passou para a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). A mudança foi um pedido de Eloísa Samy, que deixou de defender a vítima por pedido da família.
O argumento da advogada era que Thiers havia intimidado a adolescente. Em entrevista ao Fantástico, a jovem contou que o delegado não se mostrou sensível ao interrogá-la e ainda perguntou se ela tinha o costume de praticar sexo coletivo.
– Ele (o delegado) disse: "me conta aí". Não perguntou se eu estava bem, se eu tinha proteção. Ele perguntou se eu tinha o costume de fazer isso, se eu gostava de fazer isso. O próprio delegado me culpou – desabafou a jovem.