Notícias



Joinville

Vídeo mostra momento em que vigilante atira em homem ao lado de porta giratória de agência

Analista em segurança pública e privada avaliou imagens e apontou erros

30/06/2016 - 18h24min

Atualizada em: 30/06/2016 - 18h27min


Desvio de funcionalidade e falta de orientação permanente são os principais problemas apontados por um especialista em segurança ao assistir ao vídeo gravado pela câmera da agência bancária em Joinville, no distrito de Pirabeiraba, onde o vigilante Felipe Gonçalves Leal, 31 anos, disparou contra o instrutor de trânsito Edson Luiz Gadotti, 35 anos, que morreu no local. As informações são do jornal A Notícia.

Leia mais
Criminosos explodem agência bancária em Caxias do Sul
Cliente é baleado em tentativa de roubo a banco em Porto Alegre

O jornal teve acesso a um trecho do vídeo que mostra o vigilante, já com a mão na arma, indo até o lado da porta giratória da agência para conversar com Edson pela última vez. É possível ver que os dois estão discutindo e que Felipe mostra a arma apenas por alguns segundos antes de atirar pela primeira vez.

O vidro da porta quebra e Edson tenta se esquivar pelo lado esquerdo, e não pelo lado direito, onde havia a primeira porta do prédio. Sem esboçar reação, ele é atingido por mais dois tiros, poucos segundos depois do primeiro, e cai no chão. O vigilante, que havia saído pelo espaço aberto pelo vidro para atirar, retorna ao posto devagar, sem guardar a arma.

Caso ocorreu em uma agência de cooperativismo de crédito

O especialista em segurança pública e privada Jonas Alves da Silva, que há dez anos atende a escolas de formação com palestras, assistiu ao vídeo completo e analisou o caso. Segundo ele, o primeiro erro ocorre pelo desvio de função. Como o vigilante é um funcionário terceirizado contratado exclusivamente para proteção, ele não deve se envolver com a rotina da agência bancária.

– Ele deveria chamar um funcionário para conversar com o cliente, em vez de ficar "batendo boca". O correto era se afastar e dar cobertura para o funcionário da agência, no caso de ser uma armadilha – avalia Jonas.

Segundo o especialista, por lei os bancos também devem ter dois profissionais de segurança: um cuidando da porta e outro atrás do escudo. Como a agência onde este caso ocorreu é uma agência de cooperativismo de crédito, ela não tem obrigação legal de atender a esta lei.

Ele destaca que, em sua experiência, percebe que 100% das ocorrências entre vigilante e cliente em bancos acontecem porque o profissional de segurança estava desempenhando uma atividade que não tem a ver com sua função.

Outro ponto apontando por Jonas no procedimento do vigilante foi a falta de equilíbrio emocional do profissional: depois de discutir com o cliente, ele teve a frieza de atirar, engatilhar a arma e disparar mais duas vezes, mesmo quando Edson já estava no chão.

– Mesmo depois que o homem foi alvejado, ele engatilha a arma e dá mais dois tiros. Então, volta para a postura de segurança, como se nada tivesse acontecido, e nem examina a vítima para verificar se há uma arma que eu, pelo vídeo, não consigo enxergar – diz Jonas. – Essa frieza me assustou. A postura dele foi totalmente incorreta.

Para o especialista, a única forma de evitar que um profissional habilitado, experiente, com treinamentos e reciclagem profissional em dia – como a Onseg Serviços de Vigilância e Segurança Ltda., contratante do vigilante, alegou que ele era – não se envolva em casos de violência é a orientação permanente. Situações com clientes nervosos e mal-educados podem ocorrer todos os dias, em todas as agências bancárias do País.

– Você não sabe pelo que o cliente está passando, porque ele está agindo daquela forma, mas é o vigilante que precisa ter equilíbrio emocional, e não o contrário – avalia ele.

Leia mais notícias



MAIS SOBRE

Últimas Notícias