Parece história de filme, mas aconteceu na vida real. A costureira Marlúcia Gomes da Silva, 43 anos, moradora do Bairro Sete, em Sapucaia do Sul, tratava de miomas no útero há mais de um ano no Hospital Municipal Getúlio Vargas, quando foi chamada para a cirurgia.

No dia 30 de maio, data marcada para a operação, Marlúcia já estava internada há uma semana.

No caminho para o bloco cirúrgico, a costureira foi orientada a deixar a prótese dentária com uma enfermeira. Segura de que ao final da cirurgia colocaria a dentadura novamente, Marlúcia entregou e foi operada. Quando voltou para o quarto, no mesmo dia, teve uma desagradável surpresa: a ponte de oito dentes que ela usa desde os 27 anos havia sumido.

Leia mais notícias da seção Seu Problema é Nosso!

Ninguém viu

Desde então, Marlúcia está sem os dentes de cima e trava uma briga diária com o hospital.

– Quando pedi minha prótese a enfermeira foi conferir com a outra que me levou para a cirurgia. Ela afirmou ter deixado dentro de uma luva cirúrgica, em cima da minha cama. Foi aí que o meu pesadelo começou. A direção do hospital convocou uma reunião com a equipe de enfermagem e limpeza e todo mundo disse a mesma coisa: ninguém viu ou sabe onde está – conta Marlúcia.

Consequências

Marlúcia trabalha por conta própria e sua imagem conta bastante na hora de conseguir serviço. A falta da prótese e o descaso do hospital em providenciar uma nova tem causado outros problemas para a costureira, como dores de ouvido e abalo emocional.

– Eu só fico em casa, tenho vergonha que as pessoas me vejam assim. Eu preciso ir nas fábricas para pegar serviço de costura que faço em casa, mas como vou chegar e me apresentar nessas condições? Eu estou triste, quase entrei em depressão. Se não fosse a minha família eu estaria acabada – queixa-se Marlúcia.

Passados 37 dias do episódio, Marlúcia continua sem uma solução por parte do Hospital Getúlio Vargas para o problema ocasionado dentro da instituição.

A direção solicitou três orçamentos da prótese que a costureira necessita, com a garantia de que eles ressarciriam o valor para ela mandar fazer uma nova, mas isso não aconteceu.

– É uma humilhação muito grande. Eu entrei no hospital com meus dentes e saí sem – desabafa ela.

Sem resposta

Todos os dias ela liga para a ouvidoria do Getúlio Vargas e recebe sempre a mesma frase como resposta: quando tivermos uma posição sobre o teu caso, entramos em contato.

– No quesito saúde, não posso reclamar nada em relação ao tratamento que fiz no hospital. O médico foi muito atencioso, as enfermeiras também, não faltou remédio, nada, mas jamais imaginei que perderiam minha prótese e, pior do que isso, que não fariam nada para me ajudar, é uma falta de respeito – diz Marlúcia.

Fundação Hospitalar promete fazer o ressarcimento em 48 horas

Ao que tudo indica, a costureira Marlúcia Gomes da Silva em breve vai voltar a sorrir e retomar a sua rotina de trabalho.

Contatada pelo Diário Gaúcho na segunda-feira para esclarecer a situação da paciente que realizou cirurgia dia 30 de maio, a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas informou que foi aberta uma sindicância interna para apurar o extravio da prótese dentária da costureira.

A direção administrativa do Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) recebeu os três orçamentos encaminhados por Marlúcia em junho por meio do Serviço de Ouvidoria da instituição. Ontem, a Fundação informou que a previsão de ressarcimento do valor da prótese dentária superior de Marlúcia é que seja efetuada dentro das próximas 48 horas, de acordo com a conclusão da sindicância realizada pelo hospital Getúlio Vargas.