Educação
Escola Erico Verissimo retorna às aulas ainda se recuperando de vandalismo
Instituição estadual, localizada no Jardim Carvalho, ficou fechada por um mês
Com um atraso de 15 dias, os 500 estudantes da Escola Estadual Erico Verissimo, no Bairro Jardim Carvalho, na Zona Leste de Porto Alegre, retornam às aulas nesta terça-feira. Fechada há um mês, após ser alvo de vandalismo, a instituição reuniu nesta segunda-feira pais e professores em dois turnos para informar como será o restante do ano letivo.
– Recuperaremos as aulas aos sábados e nos dois feriadões que teríamos neste semestre. Pedimos a compreensão da comunidade escolar para a situação, pois foi um caso muito grave – explicou a diretora Silvia Faturi.
Pelos corredores e em 30 das 40 salas de aula atingidas ainda há sinais da depredação. As dez portas arrancadas pelos infratores seguiam nesta segunda sendo colocadas e pintadas. Dezenas de livros continuam empilhados num corredor, pois as quatro estantes foram destruídas. Segundo a diretora, os 18 computadores da sala digital estão sob avaliação por terem sido cobertos com pó-químico dos extintores de incêndio durante o ato de vandalismo. Técnicos de informática também fizeram a manutenção dos computadores e restabeleceram o acesso à internet para que o trabalho administrativo pudesse ser retomado.
Leia mais
MP encaminha caso de vandalismo da Escola Erico Verissimo à Justiça
"Não temos nem água para lavar as mãos", diz diretora de escola depredada
"Local mais seguro é dentro da escola", diz comandante da BM
Cinco alunos da própria escola, com idades entre 12 e 17 anos, são acusados pelo vandalismo e estão no Centro de Internação Provisória Carlos Santos, da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), aguardando medida socioeducativa a ser definida pela Justiça. Os atos infracionais que embasaram o pedido de internação provisória são prática de furto qualificado, dano ao patrimônio público e formação da quadrilha.
Para que a Erico Verissimo voltasse a funcionar, a Secretaria da Educação liberou uma verba de R$ 150 mil para recuperar o prejuízo e contratou o serviço de limpeza completa do prédio. Os professores da escola já participavam de um projeto piloto na área de saúde mental, desenvolvido pela Escola de Saúde Pública, que deverá continuar após o episódio.
Com dinheiro do próprio bolso, uma das professoras, que pediu para não ser identificada, comprou tinta e cortinas novas para uma das salas de aula. Quer ter a sensação de recomeço, mesmo depois de o marido e os filhos dela pedirem para deixar a escola. Emocionada, revelou sentir medo do que poderá ocorrer a partir de agora.
– Quando a violência na região parou, pensamos que nos reergueríamos. Então, eles (vândalos) vieram e estragaram tudo. Jogaram fora o nosso trabalho de anos com a comunidade. Dá uma tristeza. Não sei o que pensar, só sinto pena deles – desabafou.
Presidente do CPM da escola, Ivo Pomar Fernandes Junior, acredita que o recomeço das aulas pode ajudar a trazer a comunidade de volta à instituição. Pai de um aluno do sétimo ano, Ivo, que mora no bairro há 20 anos, surpreendeu-se que tenha partido de alunos a atitude de destruir a escola.
– Fiquei decepcionado com a atitude. Espero que aprendam algo bom com a medida socioeducativa para que nunca mais repitam um ato como este – disse.