Seu problema é nosso
Ponte que liga ilhas em Porto Alegre precisa de reparos
Construída há seis anos, a estrutura está comprometida
Uma ponte que deveria passar segurança e garantir facilidades tornou-se uma ameaça constante para os moradores das ilhas da Pintada e Mauá, no Arquipélago de Porto Alegre. Construída há apenas seis anos e já repleta de buracos, a ponte de madeira que liga uma região à outra provoca medo em quem tem na estrutura o único meio terrestre de locomoção.
Sem ela, moradores da Ilha Mauá, localizada no canto do arquipélago, precisam usar o barco para alcançar a terra firme.
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Necessidade
Há mais de 50 anos vivendo na Ilha Mauá, Nelson da Rosa Pires, 71 anos, viu a luta dos moradores antigos para conquistar uma ponte que lhes garantisse acesso. A espera por uma resposta do poder público demorou tanto que o povoado chegou a erguer uma estrutura com as próprias mãos. Em 2010, o governo estadual atendeu o pedido, derrubou a obra dos moradores e ergueu a atual ponte de madeira.
Com a conexão, os moradores da Mauá puderam passar com os carros, receber caminhões de lixo e de gás, ter compras entregues na porta de casa. Não demorou muito, porém, para a obra que custou cerca de R$ 140 mil aos cofres públicos e que ia de encontro às necessidades das pessoas frustrasse expectativas. Dois anos após ser tirada do papel, a ponte já se mostrava precária. Hoje, é o principal alvo de queixas da população.
– Está completamente destruída. Faltam tábuas e as que tem estão podres. Creio que o material usado na época foi de péssima qualidade – diz Nelson.
Tarja
Os moradores acreditam que a fragilidade da construção causou vergonha até mesmo no poder público. Isso porque logo após a construção, a placa que trazia o valor gasto na obra e os órgãos por trás do empreendimento apareceu com uma tarja amarela tapando o principal envolvido: o governo estadual, na época encabeçado por Yeda Crusius.
Interdição, verba e um novo projeto
A Smov faz alguns reparos na ponte, sem esquecer de frisar que a responsabilidade da estrutura não é da prefeitura. Já a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) prefere se esquivar de perguntas. Ambos os órgãos tinham os nomes estampados na placa enquanto a ponte ainda era um sonho a ser realizado, e não o pesadelo que deixa a população com medo.
Delegada do Orçamento Participativo da Região das Ilhas, Beatriz Gonçalves Pereira pede que uma atitude seja tomada antes que algo grave aconteça com os moradores.
– O que não pode é um ficar empurrando para o outro e ninguém fazer nada – observa.
Ela e outros delegados do Fórum Regional do Orçamento Participativo encaminharam pedidos ao Ministério Público para investigar o que ocorreu durante a construção da ponte, em 2010. Há suspeita de mau uso do dinheiro público.
Duas promessas
Em reunião realizada na última sexta-feira com representantes da Smov, Sema, DMLU, Defesa Civil e EPTC, os moradores foram informados que a partir de hoje a ponte será interditada para veículos. Duas promessas também foram feitas: que R$ 115 mil seriam destinados à reforma, que deve iniciar em breve, e que um projeto para uma ponte de concreto ganhará contornos no papel. Das dezenas de reuniões marcadas com o poder público para resolver o problema, essa última foi a que mais reanimou Nelson:
– Estou com esperança que vai acontecer – diz.