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Possível solução

Ibama recolhe ratinhos de laboratório abandonados na Redenção

Colônia de roedores vive embaixo de uma calçada em frente ao Auditório Araújo Vianna, na Capital

30/11/2016 - 14h59min

Atualizada em: 30/11/2016 - 15h36min


Ana Karina Giacomelli
Ana Karina Giacomelli
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Após a repercussão sobre a colônia de ratos que vive embaixo de uma calçada em frente ao Auditório Araújo Vianna, no Parque da Redenção, na Capital, a Secretaria do Meio Ambiente de Porto Alegre (Smam) estabeleceu um plano de ação junto ao Ibama na tentativa de solucionar o problema.

De acordo com a bióloga da Smam Renata Vieira, o procedimento, que está sendo executado, é o resgate de ratinhos para fazer exames e confirmar se eles estão contaminados com alguma doença.

– É importante fazer uma avaliação sanitária desses animais. Já estamos em contato com a Secretaria de Saúde para ver a questão de zoonose. Eles estão se reproduzindo com a espécie nativa, então, a ação precisa ser rápida – afirma.

Para o veterinário e analista ambiental, responsável pelo centro de triagem de animais silvestres do Ibama RS, Paulo Guilherme Carniel Wagner, a situação é bastante preocupante, principalmente, porque muitas pessoas ainda estão tentando resgatar os ratinhos.

– Já recolhemos seis animais para exames. Mas o grande problema é que alguns cidadãos ainda insistem em alimentar e resgatar esses ratos, colocando em risco a saúde de outras pessoas, além de atrapalhar o nosso trabalho.

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Mistura de espécie

O especialista explica que o comportamento dos ratinhos brancos, de cativeiro, muda completamente ao serem expostos na rua, e que a possibilidade de todos já estarem contaminados com alguma doença é grande. Os animais já cruzaram com ratos de outra linhagem e praticamente todos os filhotes já nasceram cinza.

– Os roedores silvestres já estão dominando os ratos brancos, de cativeiro. A população selvagem é geneticamente mais forte. Se não tirassem os animais de lá, em menos de um ano, a população dos ratos de rua dominaria a colônia e eles sumiriam de qualquer maneira.

Paulo condena a atitude das pessoas que vão ao local para alimentar os ratinhos. Primeiro, pelo risco de transmissão de doenças, em especial, a leptospirose. Segundo, por facilitarem a propagação dos ratos de rua.

– Os animais procuram alimentos quando estão com fome. Eles sabem fazer isso. Quando as pessoas colocam a comida para os ratinhos brancos estão, circunstancialmente, alimentando os ratos de rua.

Para Jonathan Souza, 20 anos, simpatizante da causa animal e integrante do grupo Roedores e Lagomorfos, a situação precisa ser resolvida logo e da melhor maneira possível para todos. O grupo já resgatou 10 ratinhos brancos e busca um local seguro para colocá-los.

– Não somos inconsequentes. Sei dos riscos que estou correndo. Mas ninguém tinha feito nada, até então, e eu vi muitas pessoas leigas tentando pegar um ratinho pra levar para casa. Queria resgatá-los para evitar isso - afirma.

Jonathan também não acha certo solucionar o problema exterminando os animais.

– Os ratos não podem pagar pela irresponsabilidade de quem os largou na rua. Queremos castrar e tratar esses animais para que eles vivam juntos, em um local seguro, e longe das pessoas.

Segundo o analista ambiental do Ibama, o destino dos ratos será de acordo com as necessidades da pesquisa que busca a situação sanitária deles. Ainda de acordo com o especialista, quem deve decidir o futuro desses animais é o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Capital.

– É responsabilidade da zoonose fazer o controle de roedores sinantrópicos (que se adaptaram no convívio com as pessoas) entre outros. Ao Ibama cabe investigar se eles estão doentes, verificar a origem dos animais e entender o contexto ecológico.

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