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Escola de educação infantil no Lami está pronta há oito meses, mas segue fechada

Indefinições sobre gerência, falta e atraso de repasses atrasam a abertura de escolas municipais no Extremo-Sul da Capital

06/01/2017 - 10h44min

Atualizada em: 06/01/2017 - 10h45min


Aline Custódio
Aline Custódio
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Prédio está pronto, mas sem crianças

Em meio a uma rua sem saneamento básico, uma escola municipal de educação infantil que custou R$ 1.028.667,22 aos cofres do município e do governo federal espera há oito meses para abrir as portas. Indefinições sobre a gerência e a falta de repasses da prefeitura atrasam a inauguração do prédio, localizado no Loteamento Cooperativa Nossa Senhora das Graças, Bairro Lami, Extremo-Sul de Porto Alegre, destinado a atender 120 crianças.

Somente na Rua A2, onde foi construída a escola, há 20 crianças entre zero e cinco anos e 11 meses à espera de atendimento – faixa que seria beneficiada. Enquanto a situação não se resolve, as mães da região ficam impedidas de trabalhar. É o caso de Thaís Ferreira, 30 anos, que, desde o nascimento do filho Davi, nove meses, deixou a função de diarista.
– Tentei pagar uma pessoa para cuidar do bebê, mas me cobraram R$ 400. Iria trabalhar só para pagar a babá – conta.

O mesmo problema ocorreu com a serviços gerais Alessandra Moreira, 27 anos, mãe de Andrielle, um ano. Ela conseguiu um emprego, mas não uma escola para a filha. Desistiu do trabalho e conta os dias para a abertura da escola da rua:
– A gente não sabe a quem recorrer. Dá uma angústia ver fechada uma escola deste tamanho, enquanto a comunidade segue precisando.

Mães da Rua A 2, no Lami, esperam pela abertura da escola

Administração
Com dois andares, elevador e berçário, a escola municipal foi concluída em maio de 2016 e deveria ser administrada pela cooperativa de moradores. Porém, o presidente interino da entidade, Natalino Maciel, negou-se a gerenciá-la.
– Não sabíamos que ficaríamos responsáveis também pela contratação dos profissionais. Achei melhor desistir porque é uma responsabilidade muito grande – diz.

Em dezembro passado, o Centro de Promoção da Infância e da Juventude, vinculado ao Instituto Pobres Servos da Divina Providência, assinou contrato com a Secretaria Municipal de Educação (Smed) para administrar a escola. Segundo a diretora operacional, Marinês Zanella, o prédio não tem previsão de abertura porque a instituição ainda não recebeu da administração municipal o primeiro repasse de R$ 90 mil – necessário para comprar equipamentos e para o processo de contratação dos 17 profissionais.
– Sem esta verba, será impossível começar os atendimentos. Precisamos receber para, só depois, fazer a tomada de preços com três orçamentos e a compra. Todo este trâmite leva três meses – explica.

Marinês calcula que, se o Centro recebesse o primeiro repasse em fevereiro, a escola só começaria a funcionar em maio ou junho.

Os moradores cuidam para o prédio não ser invadido

Sem resposta
Para piorar a situação, nesta semana, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan (PSDB), anunciou a suspensão por 90 dias dos pagamentos de despesas contraídas no exercício de 2016, incluindo prestadores de serviço e fornecedores da prefeitura. Na tarde de ontem, a reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), que não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição.

Escola no Belém Novo segue com as obras paradas

Outra obra atrasada no Extremo-Sul
No Belém Novo, outro bairro do Extremo-Sul da Capital, outra escola municipal de educação infantil destinada a atender 120 crianças amarga o atraso na conclusão das obras. Na placa instalada em frente ao prédio da futura Instituição de Educação Infantil Glicerio Alves, a data de término indica que ela deveria ter sido finalizada em abril de 2016. Porém, isso ainda não ocorreu.

O prédio no valor R$ 1.216.592,16, verba repassada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), segue inacabado e com as obras paradas desde o final de novembro do ano passado.

Retomada
Segundo o proprietário da Azevedo Aquino Construtora Ltda, Jaime Azevedo Carvalho, responsável por esta obra, o FNDE atrasou o depósito das parcelas de setembro, outubro e novembro, o que fez com que os trabalhos fossem paralisados. No final do mês passado, a parcela de dezembro foi paga e, em janeiro, foram quitadas outras três pendentes. Jaime afirma que, na próxima semana, as obras, que estão 75% concluídas, devem ser retomadas. Ele pretende concluir o trabalho em 90 dias.



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