Opinião
Felipe Bortolanza: na falcatrua das carnes, o que mais enoja é a ganância
A repugnante fábrica de falcatruas chamada Brasil ganhou novo escândalo nesta sexta-feira. Descobrimos que comemos papelão misturado ao guisado, compramos carne podre com data de validade adulterada e até alguns cortes bovinos que receberam produtos cancerígenos para disfarçar o aspecto envelhecido.
É para revirar o estômago e revoltar a mente. Mas nada mais nojento nesta história do que a ganância dos criminosos envolvidos nestes crimes contra a saúde do consumidor. Afinal, estas trampas estavam nas entranhas das principais fabricantes de carnes do Brasil.
Ou seja: empresas riquíssimas, que dominam o mercado e lucram milhões de reais por dia, se valiam de artimanhas mesquinhas para potencializar seus dividendos. E, para não destoar muito da sujeirada que devasta nosso país, a Polícia Federal descobriu uma rede de propinas envolvendo corrupção de fiscais e, inclusive, beneficiando partidos políticos. Enquanto isso, em escolas públicas, alunos comiam carne moída cheia de papelão.
Terei de fazer um cartaz?
Enfim, é nojeira que não acaba mais. Já não bastava comprar leite batizado. Agora, além do café da manhã, nosso almoço, nossa janta e nosso churrasco de final de semana estão sob forte suspeita. O povo brasileiro já está cansado de reivindicar seus direitos por saúde, educação, segurança, saneamento básico. E, agora, terá de incluir em suas orações até o prato de comida que custou caro na hora de passar pelo caixa do supermercado.
Por favor! Que esta operação da PF desinfete o país desta quadrilha que cometia crime num dos alimentos mais importantes da cozinha brasileira. Antes que este escândalo feche mercados mundo afora e nos reste ver o país ainda mais mergulhado em crise econômica. Caso contrário, irei ao próximo protesto portando um cartaz “Salvem o guisadinho das crianças”.