Opinião
Chora, cavaco: é preciso acabar com a intolerância na questão da interdição e remoção das quadras
O que está por trás destas incompreensões é o preconceito com as coisas do povo pobre
Nesta semana, vereadores de Porto Alegre e a comunidade carnavalesca discutiram na Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) o problema que está inviabilizando as escolas de samba da cidade. Na pauta, a interdição e remoção da quadra da Imperadores e as outras várias quadras em situação semelhante.
Mais de dez locais onde o samba e, por conseguinte, o Carnaval, se manifestam foram interditados, mostrando inaceitável ato de intolerância, que precisa ser erradicado do nosso meio. Este movimento surgido na Cedecondh me deixa esperançoso.
Por parte da municipalidade, a Procuradoria Geral do Município trabalha para estabelecer uma conciliação. O procurador-adjunto Roberto da Silva Rocha lembrou que o local onde a Imperadores funciona é propriedade do município e que o Ministério Público “não pode dizer a quem ele deve ser cedido”.
De singular importância foi a participação do morador Valmir Santos, dizendo que os maiores problemas originados na quadra da Imperadores não estão diretamente ligados a eventos carnavalescos, mas à locação da quadra para terceiros. Ele disse concordar com a proposta da realização de um evento mensal para a arrecadação de recursos.
Será viabilizada na Câmara a alteração da Lei Complementar 502, que passará a considerar todos os eventos de cunho arrecadatório promovidos pelas escolas de samba como relacionados à folia. Afinal, pensar Carnaval é entender que eventos trazendo personalidades nacionais do samba também é Carnaval.
O que está por trás destas incompreensões é o preconceito e a intolerância com as coisas do povo pobre. Com a palavra, o judiciário gaúcho, em quem acredito e confio.