Papo reto
Manoel Soares e o manual de instruções para acabar com o racismo
O racismo tem raízes tão profundas em nossa rotina, que o praticamos sem saber
Quem pensa que a solução para o racismo é atacar as pessoas de pele branca está errado. Quem confunde os relatos de racismo com “mimimi” está mais errado ainda. Hoje, o racismo tem raízes tão profundas em nossa rotina, que o praticamos sem saber. As opções para erradicar esta ferida são contraditórias em todos os sentidos, porque antes de acabar com uma doença temos que identificar os sintomas, e poucas pessoas conseguem achar o próprio racismo.
No livro Na Minha Pele, Lázaro Ramos conta relatos que são comuns a qualquer jovem negro do Brasil. Mas ele fala de uma maneira gostosa e sensível. A narrativa faz com que os não negros entendam as belezas que se perdem quando se julga alguém por conta da cor de sua pele.
Por outro lado, o livro também tira de nós, negros, o mito de vítimas passivas dessa doença social. Mostra que, muitas vezes, seguramos no cabo da faca que corta nossa pele escura.
Não escrevi esse texto para recomendar um livro, mas para indicar um manual de instrução para quem quer o fim do racismo. Quem puder, leia, porque vai achar a metade negra que lhe falta.