Na época desta foto, eu tinha 12 anos, e uma patroa da minha mãe resolveu bancar um delírio que eu tinha de ser modelo. Me lembro que minha mãe achou meio esquisito aquele papo, levando em conta que nossa vida era na fronteira entre a pobreza e a miséria.

Na pequena cidade onde morávamos, uma agência de modelo foi fazer umas fotos de jovens e promoveu um desfile em um clube chique da cidade.

Me lembro que minha mãe comprou essa camisa para eu desfilar. Eu era o único favelado e negro, mas era como se aquela camisa que minha mãe deu fosse um escudo contra todos os olhares de preconceito. Com aquela camisa me sentia ombro a ombro com todos.

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Poder oculto

Minha mãe talvez não saiba o poder que me deu com aquela camisa, mas quando o assunto é sonho de filhos, não existe nada mais poderoso do que o incentivo dos pais. Não me tornei modelo, mas faço parte da equipe de um dos programas mais importantes da TV brasileira. E, nessa foto, vejo a força que minha mãe me deu com seu incentivo, sinto a mesma força que quando assisto às minhas participações no Encontro. O antídoto para o preconceito é o incentivo.