Coluna da Maga
Magali Moraes escreve sobre facas e fios
O que é pior: uma faca sem fio ou uma faca amassada na ponta? Antes que você responda, eu aviso: as coitadas não têm culpa de nada. Alguém deixou elas assim. Desculpa atrapalhar o teu dia com essa miudeza do cotidiano. E com a minha sinceridade. Vai que ontem à noite uma certa pessoa que eu não vou dizer o nome (mas que está lendo agora essa coluna) não conseguiu abrir um vidro de pepinos ou de geleia. Aí resolveu o assunto enfiando com vontade a faca na tampa, estragando sem dó a ponta perfeitinha. Ou se irritou com uma faca cega, a mesma que já cortou muitos bifes deliciosos no almoço.
Ah, pois é. Reclamar da faca sem fio é fácil. Quem vai atrás de uma chaira? Quem abre a janela pra escutar o assobio do moço afiador passando na rua? O que a gente faz? Abandona a faca cega no fundo da gaveta. Acabou, já era. Ela não vai afiar sozinha, sinto informar. Tem papel que corta o dedo mais que faca. Sei bem, vivo me cortando. E nem por isso vou esperar que esse papel corte o meu tomate. Preciso das facas ou morro de fome.
Zigue-zague
Mais triste é a faca amassada, que nunca mais vai ser a mesma. Nem martelando a ponta. E já que tá amassada, a gente segue usando ela pra abrir coisas impossíveis. Podia treinar o muque no braço, né. Algumas facas parecem um tobogã, de tão tortas. Um zigue-zague de perder o apetite. O cabo de madeira ainda tá novinho, mas a ponta tá um lixo. Antes de fazer essa maldade, lembre que um garfo vai ficar sem par na mesa. Pra sempre.
Alicates que mastigam a cutícula e tesouras que fazem caminho de rato no tecido também são um problema. Outra hora escrevo sobre eles. Não posso terminar essa coluna sem fazer uma última pergunta. E quando a faca tem fio, tem ponta retinha e é usada pra arranhar o revestimento T-Fal? É, estamos falando daquela faca marota só pra desgrudar o pão prensado da torradeira. Entendidos entenderão. Rafa e Fabio, vocês entenderam?