Coluna da Maga
Magali Moraes e as dúvidas de gramática
Muitos leitores que me escrevem pedem desculpa por erros na escrita. Eu também erro, viu? O computador piora a letra da gente, mas ajuda com o corretor de texto e seu pontilhado vermelho apontando os erros. E tenho uma arma secreta: minha querida editora Cáren Baldo, sempre atenta pra corrigir alguma vírgula esquecida. A língua portuguesa é complicada mesmo. É errando (e corrigindo) que se aprende.
Alguém aí sabe de cor as regras de crase, hífen, pronomes e concordância verbal? A Cáren não vale. Depois que o Novo Acordo Ortográfico foi oficializado em janeiro de 2016, minhas dúvidas só aumentaram. E olha que os organizadores foram legais. A reforma já existia desde 2009. Nos deram um prazo de seis anos pra gente ir se acostumando. Se eu não consigo decorar um mísero número de celular, o que dirá da gramática inteira? O Google é outro que me socorre bastante.
Hífen
Você concorda que a trema não faz falta nenhuma na nossa vida? E os acentos que caíram? Até hoje acho que a geleia perdeu o sabor. Heroico é sem acento, herói é com. Ainda bem, senão ia parecer que ele esqueceu a capa em algum lugar. Esses dias escrevi uma coluna sobre o molho do cachorro-quente e me fiz de louca, deixei sem hífen. O pessoal do DG não perdoou. Junto com a salsicha picada do molho, eu tive que engolir vários hifens ao longo do texto.
Se a gramática fosse uma pessoa, como ela seria? Toda certinha, metódica e formal? Possivelmente. Como isso aqui é um exercício de imaginação, prefiro pensar numa gramática bem dramática. Alguém cheia de vontades, certezas, chiliques e contradições. Uma pessoa que se deixa levar pela emoção. Combina mais com a língua portuguesa, viva e pulsante. Leitores queridos, vocês são sempre bem-vindos na minha caixa de e-mails e de correspondência. Assim com hífen, como manda a dona gramática. Ou do jeito que vocês escreverem. No meu coração, o carinho importa mais que as regras.