Coluna da Maga
Magali Moraes escreve sobre hábitos gaúchos
Se existisse algum tipo de avaliação pra medir o quanto a gente é gaúcho, será que todo mundo passaria no teste? Ninguém precisa andar pilchado pra comprovar suas origens. Nossos hábitos gaudérios falam mais alto. Hoje, 20 de setembro, é o dia perfeito pra pensar nisso. Imagine um paciente internado no hospital que se nega a usar avental azul porque não é a cor do seu time. Aconteceu no quarto ao lado da minha mãe, acredite. Ele precisa gostar de chimarrão pra bater no peito e gritar "ah, eu sou gaúcho"? Bem capaz.
E o chimas, hein? Taí um hábito que nos representa. Conta mais pontos saber preparar o mate e fazer a cuia roncar ou só entrar na roda é mais que suficiente? Não tomo chimarrão, mas o meu sotaque diz tudo. Bah, guriaaaaa!! Que tri!! Em dois minutos de conversa, entrego onde nasci. Por mais que eu não madrugue domingo pra ver Galpão Crioulo, assisti incontáveis vezes ao pôr do sol do Guaíba. Tchê, não se vê igual no mundo (ser bairrista é um clássico).
Tu e você
Bonito de se ver é gaúcho que mora fora do Estado ou do país e morre de saudades da Panvel e do Zaffari. Ou então numa viagem de férias, ao conhecer um novo parque, inevitavelmente compara com o Marinha, a Redenção e o Parcão. Tem churrascaria em toda parte, até no Exterior. Bom pra eles. Gaúcho que se preza assa carne na churrasqueira da sacada como se estivesse numa estância campo afora. Ou corre pro Acampamento Farroupilha agora mesmo.
Eu posso não frequentar CTG, misturar tu e você, não ter fotos de infância vestida de prenda (juro que usei), não conhecer o interior do Estado como a palma da mão. Mas cresci com a minha avó me chamando de chinoca véia, no tom mais carinhoso que existe. Por mais que o Rio Grande esteja cheio de problemas (e isso não dá o menor orgulho), tenho esperança que melhore. Vamos acreditar que sim. Sou prenda de apartamento. Sou colorada não praticante. Sou gaúcha barbaridade.