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Polêmica em Viamão

Motoristas lançam Táxi Solidário como alternativa para driblar a crise

O projeto consiste em transportar passageiros em grupos, ao preço de R$ 5 por pessoa, sempre na volta das corridas que partem do ponto fixo do táxi, quando os carros costumam retornar vazios

29/09/2017 - 19h24min

Atualizada em: 29/09/2017 - 19h24min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Lançamento da iniciativa reuniu cerca de 30 taxistas do município

Diante da crise econômica e da concorrência não só dos aplicativos de transporte mas também dos clandestinos, um grupo de taxistas de Viamão resolveu buscar uma alternativa para driblar a queda no número de passageiros e, consequentemente, na renda mensal dos profissionais da categoria. Inspirados em um modelo em atividade em Curitiba (PR) e Campinas (SP), eles lançaram ontem a campanha Táxi Solidário, que reuniu cerca de 30 taxistas em frente à Igreja Matriz. 

O projeto consiste em transportar passageiros em grupos, conforme a capacidade do veículo, ao preço de R$ 5 por pessoa, sempre na volta das corridas que partem do ponto fixo do táxi, quando os carros costumam retornar vazios. Interessados poderão acenar para os veículos participantes da iniciativa, que estarão adesivado sinalizando  aderência ao Táxi Solidário, inclusive nas paradas de ônibus. 

Um dos organizadores da iniciativa, João Osório Monti da Silva, taxista há 30 anos, diz que, até agora, o projeto teve adesão de 48 dos e 140 táxias do município e que esse número deve ser ampliado com o início das atividades. 

— Considero um número bom porque a ideia partiu de um grupo de whatsapp com seis pessoas e, em aproximadamente um mês, já atingiu 40% da frota da cidade só no lançamento. Já tem mais colegas querendo participar — afirma João, que diz desconhecer outra cidade no Rio Grande do Sul que tenha implementado tal iniciativa. 

Representante dos taxistas do município, ele argumenta que houve uma queda de 50% no número de usuários nos últimos dois anos por conta de carros clandestinos e aplicativos de transporte:

— Estamos sofrendo essa redução no bolso e tentando recuperar esses passageiros.

Taxista há quase dois anos, Carlos Recena fez a primeira corrida solidária ontem, logo após o lançamento do projeto, e está otimista com o futuro do projeto:

— Uma senhora com um adolescente fez sinal pra mim na rua e já aproveitei pra explicar pra ela a novidade. Ela ficou supresa e muito satisfeita porque seria uma corrida de R$ 18 e saiu por R$ 10. Ela fez uma economiae eu aproveitei a volta para o ponto para fazer um dinheirinho que não faria voltando vazio. 

Mãe de um menino de 16 anos, a taxista Alissandra Burati conta que a renda da família teve uma queda de 50% com a baixa procura de passageiros e vê no Táxi Solidário uma maneira de estancar os danos financeiros.

— A ideia é que esse valor que conseguirmos nas corridas solidárias ajude nos custos que temos com gasolina, seguro, manutenção do carro... R$ 5 já é um litro de gasolina a menos a ser descontado na hora de fechar a conta no fim do dia.

Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Veículos adesivados sinalizam adesão ao projeto

"É irregular", diz prefeitura

Quem aderiu à campanha argumenta, ainda, que o Táxi Solidário é uma válvula de escape para um transpor público deficitário, com carência de horários nas linhas de ônibus e veículos sempre lotados. 

— Queremos trazer o táxi de volta ao alcance do público, que ainda acha que é muito caro e que está apertando aos gastos. Os ônibus são poucos, as pessoas ficam muito tempo nas paradas... Levamos uma alternativa para isso e, em contrapartida, estamos nos ajudando a minimizar nossos custos. Não queremos aumentar o ganho mas, sim, diminuir as despesas para sobrar um pouco mais no fim da semana — pondera Fernando Barcellos, há duas décadas atrás do volante de um táxi. 

Mas, se a intenção é boa e os motivos compreensíveis, a lei não joga a favor dessa turma. É o que diz o presidente da Empresa Pública de Trânsito de Viamão (EPTV),  Paulo Ricardo Barboza Schwartzhaupt. Segundo ele, o tipo de atividade proposta pelo Táxi Solidário não tem embasamento legal:

 — Entendemos que eles estão se organizando para sobreviver, pois foram afetados, especialmente, pelo transporte clandestino, mas eles estão entrando em outra seara, que afeta outro serviço público, que é o transporte coletivo. A atividade é irregular e não tem previsão legal. Eles serão notificados e terão que parar. 

Ainda de acordo com o presidente da EPTV, a punição em caso de pode ir de advertência à cassacao da permissão: 

— É um ato irregular que precisa ser coibido. A prefeitura tem que manter o equilíbrio econômico do município. Quando os aplicativos entraram, afetaram o transporte individual de táxi e, agora, essa iniciativa vai afetar o transporte coletivo.

Como alternartiva para reduzir o impacto da concorrência ilegal na demanda da categoria.  Paulo Ricardo diz que está ampliando a fiscalização a transportes clandestinos na cidade:

— Estamos aumentando o número de agentes para intensificar a fiscalização e coibir essas situações para tentar recuperar um pouco da receita. Com diálogo, vamos encontrar alternativas. 


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