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Transporte em Guaíba

Usuários queixam-se de poucos horários e superlotação nos ônibus rumo à Capital

Entre as principais reivindicações estão a retomada de linhas diretas entre os bairros e a Porto Alegre, sem a necessidade de deslocamento dos passageiros ao terminal de transbordo no bairro Fátima

13/09/2017 - 08h00min

Atualizada em: 13/09/2017 - 08h00min


Aline Custódio
Aline Custódio
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PORTO ALEGRE, RS, BRASIL.2017-09-05.Transporte intermunicipal de Guaiba precário, usuariaos reclaman da demora do transporte e do não cumprimento da tabela.(RONALDO BERNARDI/AGENCIA RBS).

Na rotina da atendente em nutrição Elisângela Pimentel Gonçalves, 38 anos, moradora de Guaíba, está o receio de perder o horário do ônibus que a leva a cada dois dias para o trabalho no Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre. Ela sabe que, se não chegar a tempo na parada, terá de esperar pelo menos uma hora até o outro coletivo chegar. Elisângela pede por mais horários na linha Colina da Expresso Rio Guaíba, que faz o transporte intermunicipal entre a Capital e Guaíba, na Região Metropolitana.

— Só olhar a tabela de horários para ver. Chega a levar mais de hora entre um ônibus e outro — reclama a usuária.

Ao embarcar em um coletivo praticamente vazio no Centro Histórico, o vigilante Wanderlei Santos,
33 anos, reconhece que é um privilegiado, porque costuma escapar dos horários de maior movimento ao retornar para casa, mas ele já presenciou o que para muitos faz parte do dia a dia.

— Nos primeiros horários da manhã e à tardinha, é sempre muito lotado. Não tem jeito, o ônibus vai cheio para Guaíba — conta.

Audiência pública

 

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL.2017-09-05.Transporte intermunicipal de Guaiba precário, usuariaos reclaman da demora do transporte e do não cumprimento da tabela.Na foto.Elisangela Pimentel Gonçalves.(RONALDO BERNARDI/AGENCIA RBS).

Os relatos de Elisângela e Wanderlei integram o coro de reclamações manifestado por usuários em uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Guaíba, na semana passada. O encontro, agendado pelo deputado estadual Catarina Paladini (PSB), presidente da Comissão de Serviços Públicos da Assembleia Legislativa, foi proposto pela União das Associações de Moradores de Guaíba (Uamg), depois de uma série de queixas de usuários ao sistema de transporte entre as duas cidades. Entre as principais reivindicações estão a retomada de linhas diretas entre os bairros e a Capital, sem a necessidade de deslocamento dos passageiros ao terminal de transbordo no bairro Fátima, a diminuição dos valores das tarifas e solução à superlotação em linhas como Fátima e Florida, com mais disponibilidade de horários.

— Precisaríamos de pelo menos 12 linhas diretas para Porto Alegre. Esse transbordo não funciona. É um descaso total com a população de Guaíba — lamenta o presidente da Uamg, Roberto Nalto de Oliveira.

A audiência pública contou com a presença de 10 associações comunitárias, da Metroplan, da Agergs, da Federação Riograndense de Associações Comunitárias e Moradores de Bairros (Fracab) e também de usuários. A falta de licitação para a prestação do transporte intermunicipal foi outro ponto questionado. As concessões do transporte metropolitano têm cerca de 25 anos e muitas estão vencidas. Decidiu-se que uma comissão com representantes dos principais órgãos e entidades envolvidos nas discussões se reunirá nos próximos dias em Porto Alegre para traçar metas aos problemas relatados. 

"Estamos na Idade da Pedra"

Chefe do Departamento de Gestão do Transporte Metropolitano da Metroplan, Danilo Landó explica que as reclamações dos usuários apresentadas na audiência pública foram bastante individualizadas, o que inviabilizaria o atendimento isolado de cada uma delas. Ele reforça que parte dos problemas na região está relacionada à presença do transporte clandestino, que traz reflexos na busca pelo transporte legal, um dos sinalizadores de mudanças para as empresas operadoras do transporte.

— A empresa tira ou coloca uma linha ou um horário conforme a demanda. Ouvi muitos defenderem os clandestinos, mas eles não ajudam a população — diz.

A possibilidade de acabar com o transbordo em Guaíba foi praticamente descartada pelo gestor, que considera o modelo uma tendência. Landó adianta que, neste mês, a Metroplan deve abrir os envelopes de uma concorrência pública para a realização de estudo de modelagem do transporte metropolitano, que tem atualmente cerca de 420 mil usuários por dia e 11 mil horários diários. Esse estudo coletará dados como comportamento dos usuários, itinerários e bilhetagem para que seja construído um novo formato para o sistema, provavelmente com concessões por bacias rodoviárias. 

— Nosso sistema é totalmente ultrapassado, o que acaba prejudicando o atendimento ao usuário. Estamos na Idade da Pedra — avalia Landó.

A direção da Uamg pretende aguardar os desdobramentos das próximas reuniões para definir novas estratégias na busca das reivindicações dos usuários. Caso não tenha as respostas que espera, a entidade pretende recorrer ao Ministério Público para exigir licitação do serviço.

Empresa culpa queda de passageiros e clandestinos

Em nota, o gerente de Operações da Expresso Rio Guaíba, Flavio Piccoli, alega que "o transporte coletivo no Brasil vem sofrendo uma queda no número de passageiros no decorrer dos anos, por isso se faz necessário o ajuste do número de viagens de acordo com a demanda existente de passageiros para garantir o equilíbrio econômico e financeiro do serviço prestado".  

Flavio ainda cita o transporte clandestino, que existe em Guaíba há mais de 15 anos, e afirma que "a empresa não tem como competir com o transporte clandestino, uma vez que paga altas cargas tributárias e obedece um rigoroso sistema de itinerários e horários imposto pela legislação". Apesar disso, conclui a nota, a empresa "acompanha dia a dia o número de passageiros transportados, e, de acordo com a demanda, fará as devidas alterações". 



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