Emprego
Emprego novo é a meta para 2018
Um levantamento realizado pelo Google apontou que "emprego novo" foi uma das sentenças mais buscadas no serviço online em 2017
Um levantamento realizado pelo Google apontou que "emprego novo" foi uma das sentenças mais buscadas no serviço online em 2017: ela cresceu 12 vezes mais em comparação a 2016. O mesmo site identificou que assuntos sobre formas para mudar de vida e conseguir um emprego tiveram 200% de crescimento de visualizações no YouTube em 2017.
A constatação do serviço online de buscas, na verdade, pode ser considerada uma preocupação, já que o desempenho do Brasil na geração de trabalho com carteira assinada foi negativo em novembro. O país fechou 12.292 vagas, com 1.124.090 demissões. Pelo menos, 1.111.798 profissionais voltaram ao mercado considerado formal no mesmo período. O levantamento, divulgado pelo Ministério do Trabalho na última semana do ano, já incluiu contratos firmados sob as novas modalidades previstas na reforma trabalhista, como a jornada intermitente e a jornada parcial _ as regras começaram a vigorar em 13 de novembro.
E se "emprego novo" é o que as pessoas querem, o Diário Gaúcho conversou com dois profissionais em rumos diferentes, mas que farão desta sentença a principal meta para os próximos 12 meses.
A busca
Entre as mais de 200 pessoas que aguardavam, na quarta-feira passada, uma oportunidade de emprego na fila do Sine de Porto Alegre, Alex Rodrigues, 39 anos, era um dos mais otimistas. Enquanto a maior parte mantinha-se em silêncio, à espera do cadastramento, ele folheava as páginas da carteira de trabalho e puxava assunto com os mais próximos. Era uma forma de espantar a ansiedade.
Desempregado da função de motoboy desde junho, o morador do bairro Maria Regina, em Alvorada, aproveitou a demissão para se reinventar. Voltou a estudar — passou para o segundo ano do ensino médio — e com o dinheiro da rescisão, deu a entrada num Onix 2018, que será pago em 60 vezes. Casado e pai de dois filhos, de quatro e dez anos, ele só pensa em voltar a assinar a carteira.
— Vou seguir estudando e, enquanto não surge outra oportunidade, vou trabalhando como motorista do Uber. Não pararei por um minuto — afirmou, antes de participar de mais uma seleção.
Além de trabalhar durante quatro anos na função de entregador, Alex teve experiência como porteiro e auxiliar de serviços gerais. Na quarta-feira passada, na sala de espera do Sine, era para estas duas funções que ele disputava uma vaga. Até 29 de dezembro, permanecia esperando o retorno da seleção mais recente da qual participou. Uma vez por semana, ele deixa Alvorada e entrega os próprios currículos no caminho até o Sine.
— Mesmo fazendo bicos, não deixo de vir aqui para ver se tem algum emprego no qual eu possa me encaixar. Estou confiante que vou conseguir — garantiu.
O recomeço
Demitida da função de serviços gerais num restaurante, em maio, Magda Rejane Müller Correa, 49 anos, do bairro Formosa, em Alvorada, obrigou-se a parar pela metade a reforma do banheiro e deixou a nova casa sem toda a mobília desejada. Enquanto recebia o seguro-desemprego, porém, seguiu participando de seleções na área.
— Quando acaba o seguro, dá um certo desespero porque o dinheiro vai desaparecendo. Tentei manter a calma e seguir confiante.
Depois de quatro entrevistas ao longo dos meses, Magda Rejane foi aprovada no final de dezembro para uma vaga de serviços gerais na cozinha industrial de um hipermercado em Porto Alegre. E o recomeço será numa data inesperada: na véspera de 2018. Feliz pela oportunidade, ela não se importará de passar o feriado trabalhando.
— O maior presente que eu poderia receber para o novo ano é começar de carteira assinada. Um alívio! — comemora.
Com a chance de voltar ao mercado, ela também pretende retomar os estudos e fazer cursos profissionalizantes. No período de desempregada, Magda Rejane percebeu que a pouca qualificação profissional acumulada por ela até agora poderia deixá-la no limbo dos sem oportunidade.
— Hoje, quem fica parado é esquecido. Ainda mais na minha idade. Com o salário do novo emprego, vou terminar de pagar a geladeira e, em seguida, retomar os meus estudos — afirma.
Dicas de quem conhece
Coordenadora de recursos humanos de uma empresa que atende 200 das 500 maiores empresas do Brasil, Renata Motone dá um passo a passo para quem está procurando emprego ou começando num novo:
Pesquise
"A pessoa sempre tem uma noção sobre suas preferências pessoais, o que torna mais fácil a busca. Um bom caminho é ir em palestras ou se matricular em workshops e cursos com profissionais da área em que pretende atuar".
Trabalhe o networking (agenda de contatos)
Rever sua rede de contatos e reestruturá-la de acordo com sua nova área de atuação é fundamental para quem pretende se estabelecer em um novo segmento profissional".
Seja humilde
"Compreender que ao mudar de emprego ou de área, inevitavelmente, terá muito o que aprender. Use isso a seu favor e aproveite para absorver tudo o que puder".
Seja realista
"Mesmo que não tenha como investir numa mudança radical de emprego, não desista de seus objetivos, estabeleça metas, prazos e poupe o quanto puder".