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Alunos de pré-vestibular gratuito são aprovados na Ufrgs

Trio teve aulas com professores voluntários em curso oferecido em Alvorada

27/01/2018 - 07h30min


Jeniffer Gularte
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Da esquerda para a direita: Adriane, Gabriel e Hechiley estão faceiros

No dia em que saiu o listão de aprovados da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 19 de janeiro, Adriane Fernandes Zanini, o namorado, Gabriel Henrique Montanet, ambos com 19 anos, e Hechiley Maraya da Silva, 17, optaram por não vê-lo para evitar decepção. Doce engano. Alunos do primeiro curso pré-vestibular gratuito de Alvorada, onde professores voluntários dão aulas na periferia, os três foram aprovados na universidade mais disputada pelos gaúchos, embora, para eles, fosse pouco provável chegar tão longe.

— Quando minha chefe viu a lista e me mostrou, achei até que podia ser a lista dos inscritos — brinca Adriane, que trabalha como atendente de loja em um shopping e passou no curso de Filosofia, enquanto Gabriel foi aprovado em Engenharia da Computação, e Hechiley, em Música. 

Os três alunos aprovados são os primeiros de suas famílias a entrarem na universidade e garantem que não conhecem ninguém que já tenha conseguido entrar na UFRGS. Eles mesmos ainda não acreditam direito na conquista. 

— Levou um dia para cair a minha ficha. Mas já comecei a incentivar meus primos e minhas colegas de trabalho, dizendo que é possível, sim, entrar na universidade — afirma Adriana. 

Os dois fizeram o curso pré-vestibular juntos. Trabalhando durante o dia e estudando à noite, usavam também os finais de semana para passar a matéria. Um ajudava o outro com as disciplinas que tinham mais dificuldade. 

— Nosso período de descanso era usado para estudar — lembra Gabriel, que, na época, era atendente em uma lanchonete.

Agora, ambos vão se dedicar exclusivamente ao curso superior. 

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Alunos com os mestres do curso preparatório

Hechiley só entrou no curso em setembro, quando iniciou a greve dos professores e diz que, até o fim do curso, em novembro, conseguiu aprender tudo que não tinha fixado em três anos de ensino médio:

— É o método de ensino dos professores que é diferente, mais fácil. Até química a gente consegue entender. As aulas de redação também eram muito boas, debatíamos muito os temas e formávamos opinião.

Hechiley participa da Orquestra Jovem de Porto Alegre, da Banda de Nova Santa Rita e da escola em que fez o ensino médio em Alvorada. Tornar a música uma profissão virou um objetivo:

— Decidi que era isso que eu queria para mim e fui atrás. Me sinto ansiosa e com medo, mas estou feliz.

Por amor à causa
O grupo de professores do Pré-Vestibular Minervino enfrentou todo tipo de adversidade — salários parcelados, falta de dinheiro para transporte e até mesmo cansaço pela jornada exaustiva — para dar aula no cursinho, de segunda à sexta-feira à noite, com alguns aulões aos sábados, em uma sala cedida pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) Campus Alvorada, no Bairro Campos Verdes. 

— Eles foram incansáveis e a gente também se esforçava por ver o empenho deles —conta Adriane. 

A professora de química Graziela Traçante acredita que o curso conseguiu ganhar visibilidade dentro da IFRS e junto à comunidade. Mas o melhor, segundo ela, é perceber o crescimento pessoal dos alunos:

— Muitos aprenderam a se impor, colocar sua opinião, os professores de redação conseguiram trabalhar muito bem isso. 

Inspiração
A turma começou com 50 alunos e terminou o ano com 30. Nas salas de aula, nunca havia menos estudantes do que isso. O professor de geografia Christian Castro afirma que, no 3º ano do Ensino Médio, muitos alunos sequer consideram a possibilidade de tentar ingressar em uma universidade. A maioria até desconhece como pode ter essa chance:

— A gente tenta ser uma inspiração para eles. Acreditamos na educação como instrumento para transformar a sociedade. E aqui, com outros professores, vemos que conseguimos fazer isso e não estamos sozinhos.

— Fizemos tudo por amor. O processo todo é gratificante, não é só a aprovação, vimos o crescimento deles em vários aspectos, até na maneira de conversar — aponta a professora de Literatura, Janice Gomes.

Procura-se voluntários
Neste ano, os professores pretendem abrir duas turmas, mas isso só será possível com mais docentes. Faltam professores para todas as disciplinas. Interessados em participar podem procurar a direção do curso e devem ter disponibilidade de dar aulas uma vez por semana no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) Campus Alvorada, no Bairro Campos Verdes. 

As primeiras reuniões para organizar o ano serão feitas em fevereiro, onde serão definidas datas de inscrição. As aulas devem começar em abril. 

Interessado?
*
Entre em contato pelo e-mail: minervino.cursopopular@gmail.com
* Professor Leandro, pelo telefone: (51) 99124-7899
* Professora Janice, pelo WhatsApp: (51) 99879-6425
* Preferencialmente, fazer contato até 12 de fevereiro




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