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Direto da redação

Carlos Etchichury: À espera de provas técnicas no caso do esquartejamento de crianças  

Três suspeitos de participar de suposto ritual satânico permanecem foragidos

15/01/2018 - 13h44min

Atualizada em: 15/01/2018 - 19h12min


Carlos Etchichury
Carlos Etchichury
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Se a Polícia Civil não revelar detalhes do suposto ritual satânico comandado por um "bruxo", que teria resultado na morte e no esquartejamento de duas crianças, em Novo Hamburgo, o caso poderá entrar para o folclore da crônica policial gaúcha. E, o que é pior, sem elucidação.

Durante quatro meses, a polícia apurou que duas crianças (irmãos com idade entre oito anos e 12 anos) mortas e esquartejadas foram vítimas de um ritual. Dois pequenos empresários teriam contratado os serviços de um "bruxo" para conquistar prosperidade nos negócios. O "bruxo", por sua vez, teria requisitado crianças que seriam sacrificadas em nome de interesses econômicos. As vítimas seriam argentinas e um caminhão roubado teria sido usado na "compra" das crianças no país vizinho. O "bruxo", de acordo com a polícia, teria cobrado R$ 25 mil pelos serviços. 

A investigação resultou no pedido de prisão de sete suspeitos — quatro já recolhidos e três permanecem foragidos.

O trabalho policial parecia consistente até o delegado Moacir Fermino Bernardo, 67 anos, que coordenou a investigação durante as férias do titular do caso, delegado Rogério Baggio, conceder uma entrevista coletiva. Com microfone nas mãos, o delegado agiu como se fosse um pastor, misturando crenças religiosas à técnica de apuração. 

— Recebei uma "revelação de Deus" — anunciou Fermino ao explicar a informação repassada supostamente por uma testemunha. 

Ao programa Timeline da Rádio Gaúcha, Moacir Fermino, que se define como "servo de Deus", deu mais detalhes da suposta "revelação".

- Essa pessoa que passou é profeta de Deus e estava comigo no carro. Ela disse: "Deus tem uma revelação para ti". Quando cheguei à delegacia e desci do carro, um outro profeta de Deus me ligou. Ele disse: "Delegado Fermino. Vem aqui que tenho tudo para te passar dessas crianças que foram encontradas". Aí eu fui lá e anotei em um caderno. Foram passadas várias testemunhas e pessoas que  dariam informações.

Com retorno do delegado Rogério Baggio, titular do caso, sabe-se que a única certeza irrefutável que a Polícia Civil dispõe é de que duas crianças foram esquartejadas. Só. As demais informações, como ritual macabro, valor pago ao "bruxo", nacionalidade das crianças, uso de um caminhão roubado no crime não passam de suposições com base em relatos de uma testemunha-chave _ as ditas "revelações". Não há provas técnicas no inquérito policial. 

— Só existem indícios. Temos de buscar a prova da autoria — disse Baggio ao repórter Hygino Vasconcellos. 

Para que reputações não sejam destruídas e para que um dos casos mais rumorosos dos últimos tempos não permaneça insolúvel, é importante que provas técnicas sustentem o que foi apresentando pela Polícia Civil.


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