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Herança dos hermanos

Conheça o tejo, a bocha colombiana que se joga nas praias gaúchas

Esporte, mais seguro que a versão com bolinhas, é passatempo de famílias inteiras à beira do mar

16/02/2018 - 16h33min


Guilherme Justino
Guilherme Justino
Capão da Canoa
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Carlos Macedo / Agencia RBS
O empresário Rubem Huppes, de Victor Graeff, e os filhos Joel, 12 anos, e João Caetano, nove anos, são assíduos praticantes

Três passos largos para o lado, outros seis para cima, limites marcados na areia com o chinelo mesmo e pronto: já está desenhado o campo para o jogo de tejo. O esporte, quando praticado na praia, é também conhecido por aí como "bocha achatada" — uma versão daquele jogo com pequenas e pesadas bolinhas que é bem mais comum em canchas do Rio Grande do Sul.

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Mas o tejo, tradicional na Colômbia e provavelmente trazido ao Brasil por argentinos, é menos arriscado do que a bocha para quem está perto: utiliza discos leves, feitos de madeira e não exige mais do que um campinho improvisado em um pequeno espaço na orla para ser jogado.

Funciona assim: são seis discos de cores diferentes e um "balin", chamado pelos argentinos de "chiquito", que funciona como um alvo. Um dos jogadores lança o balin, e em seguida são jogados os discos. Cada pessoa tenta chegar o mais próximo possível do alvo. Quem mais discos tiver próximo dele ao final dos lançamentos ganha a partida.

O tejo pode ser jogado em duas pessoas, um contra o outro, ou em duplas. Em caso de praticantes em número ímpar, geralmente quem perde dá lugar ao jogador que ficou de fora na partida anterior e que, enquanto não participa, acaba assumindo o papel de juiz. Os pontos são marcados na areia, e vence o jogo o primeiro a chegar a 15.

— É muito fácil e divertido de jogar. É só achar um espaço sem muita gente por perto e se divertir — explica Rubem Huppes, de Victor Graeff, que gosta de praticar o esporte em Capão da Canoa com os filhos, Joel, 12 anos, e João Caetano, nove anos.

— Quando está nublado ou quando não dá para entrar na água porque o mar está muito sujo ou perigoso, a gurizada cansa do apartamento e quer vir brincar na areia — continua o empresário.

Para quem está acompanhando os Jogos de Inverno na Coreia do Sul, o tejo até lembra outro esporte peculiar, o curling, em que discos que, porém, ficam restritos ao solo, também precisam ser lançados em direção a um alvo. Inclusive o ato de "varrer" o terreno chega a ser reproduzido — mas, nesse contraste com a realidade do verão brasileiro, significa que a areia, em vez do gelo, é nivelada com os próprios pés, no lugar das vassouras.

Para Joel e João Caetano, o curling até parece interessante, mas o tejo é bem mais divertido.

— A gente gosta de jogar futebol, vôlei e tênis, mas só na praia que dá para brincar com o tejo, por isso a gente aproveita — diz Joel.

— O melhor de tudo é ganhar do pai, mas não é sempre que consigo — diverte-se João, sob risos do pai, que garante não aliviar para os pequenos.

Rubem avalia que o tejo já foi bem mais popular nas areias gaúchas, mas atualmente não vê muita gente praticando o esporte no litoral do Estado. O empresário garante que quem não conhece  não sabe o que está perdendo:

— Dá para juntar a família toda para se divertir e ainda curtir a praia. É uma terapia.

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