Coluna da Maga
Magali Moraes e as histórias de amor: até que a morte os separe
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Eu escrevo pra pensar, pra entender, pra alegrar, pra mudar e principalmente pra lembrar. Tanto de cenas banais do cotidiano, onde enxergo alguma magia, quanto de momentos marcantes que acontecem bem na frente dos meus olhos e preciso registrar pra nunca mais esquecer. Tem dias em que eu procuro os assuntos. Tem outros em que eles me procuram. De repente, a coluna se escreve sozinha. Não consigo parar de pensar naquilo, e os parágrafos vão surgindo automaticamente.
Sabe a frase "Até que a morte os separe?" Na última segunda à noite, vi cada vogal e consoante dessas palavras se formarem do jeito mais lindo e triste que existe. Um casal se separando forçadamente. Ele, o corpo inerte no caixão. Ela, pura saudade, dor de partir o coração, tentando prorrogar a despedida. E eu, pequeninha diante de tamanho amor. Testemunhando a ruptura. Ouvindo suspiros ditos em voz alta. "Amor da minha vida", ela repetia entre beijos e carinhos. Quanto amor cabe em 70 anos de união? A gente consola como? Para de chorar quando?
Fragilidade
Impossível não pensar na minha história de amor, que já tem mais de 30 anos. Nos longos romances que conheço (eles existem). Na história dos meus pais, que também se separaram somente porque a morte quis assim (de certa forma, seguem juntos). Na fragilidade desses amores de hoje em dia. Nenhum final de filme, trecho de livro, estrofe de música ou verso de poesia descreveriam tão bem a cena que vi. Até que a morte os separe é ponto final. Mas, pra quem fica, é um querer de vírgulas.
Eu, que esperava apenas sobreviver a uma segunda-feira cheia de trabalho, ganhei um sopro de vida. Um lembrete poderoso de como é forte o amor. De como vale a pena lutar por ele. De valorizar todas as formas de união. De preservar o convívio e a cumplicidade. De como somos marionetes nas mãos do destino. Do exemplo lindo que é pra sempre. Tia Gessy, fica bem!! O amor verdadeiro nunca termina.