Papo reto
Manoel Soares: "É no pote do ego que ciúme, cobiça e inveja plantam suas sementes"
Nunca vi ninguém rezando para que Deus o ajude a controlar o ego. É como se não existisse e, quando se manifesta, é para proteção. Mas ego é uma pequena palavra capaz de arrancar árvores na floresta de nossa sabedoria. Um sentimento que se camufla embaixo das asas de nossa autoestima, que volta e meia clama por ajuda.
Cada vez que alguém mexe em nossas convicções emocionais, é como se colocasse o dedo em nossos olhos. Em uma reação instintiva, ignoramos solidariedade e afeto em nome de algo que, teoricamente, nos define. O ego é efêmero como fumaça, pode alcançar o topo de prédios, mas não nos leva a lugar nenhum.
Pessoas perdidas se deixam levar pelas crenças de que são melhores do que aqueles que, de alguma forma, representam crítica ao seu modo de pensar. É no pote do ego que ciúme, cobiça e inveja plantam suas sementes.
Depois de muito tempo de conflitos provocados pelo ego, esquecemos qual foi a real causa da desavença. O ego é a cegueira do coração, não conseguimos ver com clareza as situações mais óbvias e simples. Se pudesse dar um conselho, seria: tire seu ego do caminho para a evolução passar.
Nosso ego, o inimigo íntimo que mora em nosso peito, é democrático e traiçoeiro. Pega de um a 90 anos, não escolhe cor, gênero ou classe social, simplesmente se alimenta da necessidade que temos de autopreservação. Nos faz justificar atos injustificáveis, faz mãe e filhos ficarem anos sem se falar. Acaba com amizades antigas e não nos permite criar novos e sinceros amigos.
O ego pode produzir hologramas emocionais que se encaixam com a realidade e destrói o que temos de melhor. Cuidado, ego é a arma que nos derrete de dentro para fora.