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Papo reto

Manoel Soares: "Temos que ajudar futuras gerações a conheceram suas raízes para que possam ganhar asas" 

07/04/2018 - 08h00min


Lauro Alves / Agencia RBS

Uma amiga muito querida, de família judaica, veio me contar que seu filho adolescente vai, em breve, conhecer a Polônia para estudar a história do holocausto e, depois, vai para Israel conhecer um pouco mais a cultura do seu povo. Além de ficar muito feliz com a experiência maravilhosa que ela está proporcionando ao filho, penso como isso vai impactar sua forma de ver a vida. 

Apesar de mais de seis milhões de judeus terem morrido no período nazista, ele vai conhecer as virtudes de seu povo, sendo assim, ser judeu para ele não será sinônimo de sofrimento e tristeza, mas de resistência e luta. Além de ser uma viagem legal, a maneira como ele vê o mundo e se vê no mundo vai mudar para sempre, além de sua vida pessoal e profissional ser impactada por isso. 

Para mim, que também venho de um povo que sofreu com o processo de eugenia, não tem como não traçar um paralelo. Proporcionar aos nossos filhos uma viagem ao continente africano para conhecer suas raízes e reconstruir sua existência é necessário para que possam ter um outro ponto de vista em relação a sociedade que somente lhes entrega a versão do opressor. Óbvio que muitas famílias negras não têm dinheiro nem para pagar a passagem de ônibus do filho, quem dirá uma viagem para outro continente. Essas diferenças de grana limitam também a visão de mundo e a perspectiva de futuro. 

Eu vivi essa experiência aos 30 anos, graças a um amigo chamado Nelson, que acreditou que era importante que eu visitasse minha terra natal. Na medida do possível, como essa amiga que está mandando o filho para Polônia e Israel, temos que ajudar as futuras gerações a conheceram suas raízes para que possam ganhar asas um dia.



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