Coluna da Maga
Magali Moraes: quando o assunto não vem
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Aqui na coluna, eu sempre acho assunto. Por mais custoso que às vezes seja, ele vem. Migalhas do cotidiano são infinitas, é só ficar atenta. O problema é quando falta assunto fora daqui. No elevador. Na sala de espera. Numa fila qualquer. No restaurante. Sou aquele tipo de pessoa que adora puxar papo. E quero achar algo interessante pra comentar. Previsão do tempo deu, né? A conversa morre no chove, não chove. Copa é assunto fresquinho, mas conforme o resultado do jogo é melhor nem abrir a boca.
Peraí. Será que falta assunto ou vontade de conversar? Faltam mais bancos nas praças, vizinhos na frente de casa, programas em comum? Falta novidade pra contar ou oportunidade de falar? E tem outra. Vivemos com a cara enfiada no celular o tempo todo. Levantar os olhos e concordar com um movimento de cabeça não é a mesma coisa que dedicar atenção total a quem está dirigindo a palavra a você. Confesso que eu também faço isso. Fazer tudo ao mesmo tempo é não fazer nada direito.
Áudio
Hoje em dia, as conversas acontecem aos pedaços. Nos acostumamos a falar por etapas. Um manda áudio, o outro ouve depois e responde quando dá. Na pressa, um emoji diz tudo. Será? A troca de mensagens facilita a vida. Só não pode ser a única forma de diálogo. Esses dias, fiz algo revolucionário: conversei um tempão com uma amiga pelo telefone. Conseguimos vencer a barreira das mensagens. Ouvimos nossas vozes em tempo real e engatamos um assunto no outro. Da próxima vez é pessoalmente, Cris!
Quando o assunto não vem, talvez falte empatia. Ou é apenas falta de prática. Faz o seguinte. Aproveita que o fíndi tá aí e promete que vai praticar a conversa fiada. Como nos velhos tempos, lembra? Jogar conversa fora, tagarelar. Escolhe alguém especial e partiu! Pode ser no sofá, no balcão da padaria, ao pé da cama, onde e como você quiser. Conta tudo (e ouve a pessoa). Conversem até faltar assunto. Se bem que eu duvido que falte.