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DIA DOS AVÓS

Avós que oferecem muito além do amor

Diário Gaúcho conta histórias de avós que além do amor, contribuem também financeiramente com a família

26/07/2018 - 08h02min

Atualizada em: 26/07/2018 - 10h45min


Maria Eugenia Bofill
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Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Na casa de Dona Maria, quatro gerações da família dependem da aposentadoria

Nem sempre os avós são lembrados apenas pelos mimos e carinhos que dão aos netos. Seja pelo desemprego ou trabalhos que não geram renda suficiente, os filhos, que já possuem outros filhos, acabam por recorrer aos pais para o sustento da família. Neste dia dos avós, o Diário Gaúcho conta histórias de mulheres avós que contribuem financeiramente na vida dos filhos e netos.

Uma pesquisa feita recentemente pela LCA consultores mostrou que 10,8 milhões de brasileiros dependem da renda de idosos aposentados para viver. No último ano, aumentou 12% o número de residências nas quais mais de 75% da renda vem das aposentadorias. 

É o caso da família Machado de Oliveira, no Morro da Polícia, em Porto Alegre. Vera Lúcia, 62 anos, se aposentou há oito. Trabalhava como manicure, mas também já foi babá e faxineira. Ajudar na renda sempre foi uma realidade. A aposentada começou a trabalhar aos 12 anos para contribuir com a família de nove irmãos, que morava em Santa Maria. 

Hoje, dos oito filhos e dez netos, Thiago vive com Vera, e a aposentada divide o terreno da casa com a filha Tatiane, 32 anos, e com os netos Leonardo e Sara Luísa, de sete e quatro anos, respectivamente. 

A filha está desempregada há cerca de dois anos e para auxiliar na renda, vende cosméticos quando é possível. Vera afirma que para quem vive na simplicidade, a crise sempre foi uma realidade. Comprar o básico e buscar formas para ludibriar a crise é um fato na vida das famílias.

— É apertado, mas sempre damos um jeito. Conversamos muito sobre o que podemos fazer para mudar, o que é possível cortar do orçamento — relata a aposentada.

Vera destaca que uma sempre está ajudando a outra e preocupação com a educação e formação dos netos é constante.

— Nós somos muito cúmplices e parceiras. Se a avó não vai ajudar a sua família, quem ajudaria? Quando falta material escolar, roupa, comida, não precisam nem me pedir — diz Vera.

"Tenho que me virar"

Dona Maria Jaci Flores de Oliveira, 70 anos, é aposentada desde os 60. Até 2017, ela seguiu trabalhando como auxiliar de serviços gerais. Depois que foi demitida, a moradora da Lomba do Pinheiro não voltou a trabalhar.

Neste meio tempo, Anderson, 41 anos, único filho da dona Maria que vive com ela, perdeu o emprego como guarda noturno. O mesmo aconteceu com a neta Andrielle, 21 anos, que trabalhava em uma padaria. Resultado: as quatro gerações da família (dois bisnetos, filhos de Andrielle, também vivem na mesma casa) precisam se virar com uma única fonte de renda: a aposentadoria de Dona Maria.

— Antes, quando eu trabalhava, conseguia complementar a renda, era mais fácil. Agora, temos que nos virar. É só um salário mínimo — diz ela.

O orçamento apertado não permite nada além do necessário para viver:

— Se eu tiver alguma conta a mais para pagar, não tenho dinheiro para comer. Meus remédios, por exemplo, pego todos no posto de saúde. 

Mas a mãe, avó e bisavó não se queixa de ajudar a família.

— Sou bem mãezona. Aliás, sou o pai e a mãe da casa. Limpo a casa, faço comida, fico com meus netos se precisar, faço tudo por eles. Quando eles trabalhavam, me ajudavam. Agora, é comigo. Tenho que me virar.


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