Coluna da Maga
Magali Moraes e o pôr do sol na estrada
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Só vejo vantagem em praia fora de época. A calmaria de tudo. O sossego do mar. Aquela areia imensa e vazia. Passar o dia é um passeio que areja a cabeça. Ficar pra dormir, na friaca do inverno, é uma aventura. Parece que nenhum cobertor dá conta. E se o chuveiro não estiver funcionando direito (a gente só descobre tarde demais), sempre dá pra enforcar o banho. Praia no inverno é cadeira no sol, travesseiros na janela, grama ressecada, descanso e consertos pra fazer até o verão.
Quem tem casa na praia não tem desculpa pra não pegar a estrada. E essa é outra vantagem do inverno: a estrada tranquila. Poder olhar muito mais que uma fileira interminável de carros. A imensidão de verde ao redor, o descampado, os morros ao fundo, a vegetação. Que luxo é enxergar o horizonte! Nossos olhos acostumaram ao cinza urbano. A gente esquece de olhar pro céu. E na estrada, com um pouquinho de sorte, ele dá um show à parte.
Novos tons
No último fíndi, o vento estava tão gelado na praia que a gente não se animou a dormir mais uma noite. Voltamos antes, bem na hora do pôr do sol. Foi sem querer, e foi lindo. O céu mudava a cada quilômetro. Surgiam novos tons que se misturavam ao azul e criavam faixas de cor. De repente, amarelo. Um tom de rosa que mais parecia lilás. Logo depois, alaranjou. Pouco a pouco, as copas das árvores começaram a perder a cor e se tornaram silhuetas escuras. Como se alguém desligasse o verde da paisagem, só pra gente prestar atenção ao colorido do céu.
Quando a primeira estrela apareceu, foi o azul que brilhou. Ficou violeta, marinho, profundo, petróleo. E veio a escuridão. Mas não por muito tempo. As luzes da cidade acenderam aqui e ali. Sabe o que eu levei pra casa? Uma vontade de admirar o céu. De correr pra janela e não perder mais um pôr do sol. O dia se transformando em noite é simplesmente mágico. É um privilégio. E é pra todos. Que a imensidão do céu te ilumine. Boa semana!