Coluna da Maga
Magali Moraes e os meninos da caverna
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Agora que tudo terminou bem, já não esgotou esse assunto? Depois de acompanhar tantas notícias dos 12 meninos e seu treinador presos na caverna da Tailândia, será que precisa falar mais sobre isso? Eu acho que sim, e muito!! Justamente porque a gente não está habituado a comemorar as coisas boas. Valorizamos mais os problemas. Depois perdemos o interesse. E não é sempre que um drama local consegue despertar a solidariedade do mundo inteiro.
Noventa mergulhadores uniram forças, tecnologia e experiência pra salvar os meninos. Quarenta tailandeses e cinquenta voluntários de outros países. Sem contar os médicos e peritos envolvidos na operação. Todos correndo contra o tempo, antes que as chuvas inundassem de vez a caverna. E, pelo que parece, nenhum político ou burocracia atrapalharam o andamento. O resgate foi rápido, lembrando que se passaram dez dias até que os javalis selvagens fossem descobertos lá dentro.
Meditando
Quanto tempo duram 18 dias no escuro, sem conforto, sem segurança, sem comida decente, sem família, sem a certeza de nada? Cada minuto na caverna deve ter se arrastado por horas. Quantos de nós teríamos aguentado passar por tudo isso? Não consigo esquecer a imagem das crianças meditando. A mente dominando o corpo, os pequenos budas sobrevivendo. Se o técnico de futebol foi irresponsável, não cabe a nós julgar. O certo é que seus ensinamentos budistas salvaram as crianças tanto quanto os mergulhadores.
Sabe o que me tocou profundamente? O respeito de todos que estavam fora da caverna quando os primeiros resgatados saíram. Ninguém fez festa, em consideração aos meninos que permaneciam presos e às suas famílias. Sorrisos demonstraram a enorme alegria de tê-los de volta. Que eles consigam superar o estresse pós-trauma (pois ele virá). Que não tenham maiores problemas de saúde. E que a gente aprenda alguma lição. Ter esperança. Celebrar mais. Apreciar a vida todos os dias.