Canoas
Ong ajuda mães que perderam filhos a lidar com o luto
Com oficinas de artesanato, atividades físicas e outras práticas, instituição foi fundada por Istela Azevedo, que perdeu o filho Guilherme em 2014
A dor da perda de um filho foi transformada em luta e solidariedade por Istela Azevedo, 53 anos. Após três anos do falecimento do filho Guilherme, assassinado quando tinha 18 anos, em dezembro de 2014, Istela decidiu enfrentar o luto e ajudar outras mães que passaram pela mesma situação e fundou a ong Transformando Dor em Amor, em Canoas.
– Como toda a mãe que passa por isso, me desesperei. Entrei em depressão. Então, pensei que precisava ajudar outras mães que sofrem como eu – conta Istela, que após a perda largou o emprego na área de construção civil e, atualmente, se dedica exclusivamente à ong.
Acolhimento
A Transformando Dor em Amor funciona como um centro de acolhimento, de mulheres para mulheres. O objetivo é dar força e tirar estas pessoas da depressão através de uma série de ferramentas, que vão desde atendimento psicológico e psicopedagógico, assistência social, até oficinas de artesanato, aulas de treinamento funcional, ritmos, e palestras sobre saúde, alimentação.
– Quando uma mulher está fazendo ritmos ou funcional, por exemplo, está saindo de casa, desenvolvendo atividades, se distraindo – enfatiza a pedagoga e vice-presidente da ong, Susana Andrade, 54 anos.
Futuro
Com apenas quatro meses, a organização já conta com quase 300 mulheres cadastradas que podem participar das atividades oferecidas. Porém, as oficinas não são apenas para quem perdeu um ente querido. Está aberta para quem deseja fazer uma atividade física, conhecer pessoas novas, aprender uma nova técnica de artesanato.
O objetivo da Transformando Dor em Amor é estar a serviço da comunidade canoense. No futuro, a intenção é trabalhar também com jovens.
– Estamos nos estruturando para fazer projetos que atendam crianças e adolescentes. Ofertar atividades que deixem eles longe do espaço da drogadição – aponta a secretária da Ong, Vera Siqueira Santos, 66 anos.
Entre os projetos futuros, estão um curso pré-vestibular popular, uma horta comunitária e uma academia, além de outras atividades de educação, cultura e lazer, destinados à família inteira.
– A comunidade é muito carente, não podemos apenas em uma pessoa só – explica Istela.
Troca de experiências
– O tempo passa, mas a dor sempre está lá. Trocar experiências fortalece – diz Jaqueline Righi, 48 anos, que perdeu o único filho há seis anos.
Ao lado da amiga Marli Haimmer, 58, que também perdeu seu filho, ela conheceu o trabalho da ong nesta semana. A dupla, que se conheceu pela internet depois dos ocorridos, conta que estava lá para receber e oferecer ajuda.
– A dor nos uniu, mas o amor vai nos manter – diz Jaque.
Procure a ong
/// Rua 13 de Maio, 227, no bairro Rio Branco em Canoas
/// Inscrições: devem ser feitas na sede da ong, sempre nas quintas-feiras