Papo reto
Manoel Soares fala do afeto e da delicadeza com os filhos
Colunista diz essas qualidades são importantes para conectar pais e bebês
Se nosso coração fosse uma máquina, podemos dizer que esqueceram de ligar alguns fios na montagem. Por isso, ele funciona mal. Como dessa máquina depende o funcionamento de todo o sistema de nossa existência, ficamos limitados a 50% de nossa capacidade de funcionamento. Dois dos fios que não poderiam ficar desligados, mas ficaram, são os do afeto e da delicadeza.
Alguém disse que esses dois fios iriam nos deixar fracos e molengas. Como a meta era que os homens fossem fortes, abriram mão dessas habilidades. Esse engano, entre outras coisas, deixou caminho livre para um comportamento machista que entendeu que quem desenvolvesse essas características era fraco, no caso as mulheres.
A questão é que delicadeza e afeto eram importantes para nos conectar aos nossos filhos quando bebês. Eles eram seres delicados e exigiam a delicadeza. Como não tínhamos, delegamos essa missão às mães, e assim o afeto paterno deixou de existir. Só que esses fios soltos, volta e meia, encostam em outros fios e dão curto em nosso sistema. Isso acontece quando, por exemplo, somos cobrados pelos filhos por um comportamento que não temos ideia de como funciona.
Religar esses fios em nosso coração exige muita coragem e disponibilidade. A descarga de energia vai ser intensa, e o efeito é choro e sentimentos de culpa intermitentes, mas isso passa com o tempo. Quando ligamos esses fios, todo nosso sistema funciona com mais leveza e fluidez. Para religá-los, basta ler esse texto em voz alta com sua esposa ou seus filhos.