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Valentes de Davi

ONG fundada por ex-morador de rua precisa de doações para construir sede

Instituição iniciada por José Eduardo da Silva Flores ajuda quem está na mesma situação em que ele esteve por 10 anos e também trabalha com crianças

01/08/2018 - 15h47min

Atualizada em: 01/08/2018 - 16h12min


Maria Eugenia Bofill
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Lauro Alves / Agencia RBS
José Eduardo (de azul) quer ampliar o número de atendimentos

"Onde nós pisarmos, ninguém passa fome". É com este mantra que José Eduardo da Silva Flores, 32 anos, mantém o trabalho do projeto Valentes de Davi. O ex-morador de rua distribui, desde 2014, refeições para quem está na situação em que ele esteve por dez anos e, também, trabalha com crianças carentes de cinco comunidades de Porto Alegre. Seu mais recente desafio é concluir uma sede da instituição na Zona Norte, para, assim, poder realizar ainda mais atendimentos.

Pelo menos uma vez por semana, José oferece uma janta aos moradores de rua que ficam na Vila dos Papeleiros e na esquina da Avenida Farrapos com a Rua Garibaldi. Segundo José Eduardo, são feitas em torno de 2 mil refeições por mês, feitas pelo próprio, na sede da ONG, no bairro Partenon. Mas, para aumentar o tempo com os moradores, a marmita é feita no local de entrega. 

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– Para reforçar o relacionamento e não ficar uma coisa mecânica, levamos as panelas, servimos lá e comemos juntos – conta o coordenador do projeto.

O objetivo é conversar com os moradores e tentar encaminhá-los para clínicas de recuperação.

– Se eu der apenas comida e roupa, não estou ajudando. Estou incentivando ele a continuar na rua. Não é só doar, é preciso conversar, incentivar eles irem para o centro de recuperação – aponta José Eduardo.

O ex-morador calcula que cerca de 200 pessoas já saíram das ruas com o incentivo do Valentes de Davi.

Sede própria
Paralelo ao trabalho com os moradores, 500 crianças das comunidades Beco do Buda, Beco X, Vila Aliança, Vila Arena e Ilha dos Marinheiros são atendidas pelo projeto.

– A tendência é muito grande de as crianças das comunidades irem para o tráfico e para as drogas. Então, entendi que precisava cuidar delas, porque senão, amanhã, aumentaria a quantidade de moradores de rua – afirma o coordenador.

No Beco do Buda, todos os sábados pela manhã os pequenos recebem café da manhã, almoço e participam de atividades pedagógicas e esportivas. O local onde ocorrem as atividades é emprestado por uma igreja, mas o objetivo é concluir a construção da própria sede, que atualmente está parada pela falta de recursos. Com um local próprio, os atendimentos às crianças ocorrerão diariamente.

Nas demais comunidades, são entregues cestas básicas para as famílias em situação de vulnerabilidade.

Lauro Alves / Agencia RBS
Marmitas são feitas diretamente no local das entregas

A força de um abraço
José Eduardo viveu por dez anos nas ruas de Porto Alegre, usando drogas e alimentando-se no lixo. Um abraço o tirou das ruas, conta ele. 

– Uma pessoa viu o jeito que eu estava, veio e me deu um abraço mesmo assim. Disse que Deus poderia mudar minha vida. Aquilo gerou uma perspectiva em mim – lembra ele.

A família o acolheu e permitiu que ele vivesse em uma igreja. Um mês depois, já se sentia uma nova pessoa. Voltou onde costumava viver para levar comida aos amigos. Assim começou o projeto.

– Começou com a ideia de levar um pouco de comida para os meus amigos que continuavam na rua, com quem compartilhava comigo os restos de comida.

Para ajudar
/// O Valentes de Davi se mantém 100% por doações. São aceitos alimentos, panelas, botijões de gás ou ajuda financeira.

/// Para a conclusão da sede do Beco do Buda e da Vila Arena, são necessários tijolos, cimento, telhas e tábuas.

/// Mais informações pelo telefone (51) 99465-8713 ou na sede do projeto, na Rua Marieta, 241, no bairro Partenon.


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