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Emergência sem urgência

Pacientes relatam demora para atendimento no Hospital da Restinga

Equipes devem ser reforçadas a partir desta quarta-feira (15)

14/08/2018 - 16h43min

Atualizada em: 14/08/2018 - 17h50min


Erik Farina
Erik Farina
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Hospital mudará de gestão no próximo dia 21

Pacientes que procuram a emergência do Hospital da Restinga e Extremo-Sul, que opera pelo Sistema Único de Saúde (SUS), têm reclamado de demora de horas para conseguir atendimento de um médico. A unidade atravessa processo de troca de gestão: na próxima terça-feira (21), a Associação Vila Nova, vencedora de licitação, assume no lugar do Moinhos de Vento – o que é apontado por alguns pacientes como a razão das falhas, hipótese negada pela administração atual.

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Cassiana conta que aguardou 20 horas com a mãe

Moradora da Restinga, a operadora de telefonia Cassiana Martins relata que levou a mãe, Luci, 61 anos, até a Emergência às 12h15min de segunda-feira (13), com sintomas de asma e pressão alta. Após triagem, Luci foi classificada em situação de não urgência. Como a prioridade é o atendimento a pessoas em situações mais graves, ela teve de aguardar. Mas não imaginava que teria de esperar até as 9h do dia seguinte.

– Ela passou o tempo todo se sentindo mal e não conseguimos um médico ou enfermeiro para socorrer – relata Cassiana.

O segurança Carlos Vargas de Andrade, 50 anos, chegou à unidade às 5h de terça-feira (14) com a filha, que sofria forte dor abdominal. Após três horas de espera sem atendimento, conta que teve de ir em casa buscar um analgésico para amenizar a agonia da filha. 

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Carlos teve de buscar remédio para a filha

– Quando cheguei, eram 11 pessoas esperando por um médico, e ninguém era chamado – diz Carlos.

Ele afirma que os atendimentos só foram retomados às 8h30min, quando avisou que contataria a reportagem do jornal Diário Gaúcho.

– A comunidade está preocupada que a mudança na administração esteja prejudicando o serviço – completa Carlos.

Problema seria causado pelo inverno rigoroso

Por volta das 10h desta terça-feira (14), a reportagem verificou que a situação já estava normalizada no local e que o tempo de espera era em torno de uma hora. Conforme o gerente-geral do Hospital Restinga e Extremo-Sul, Luis Eduardo Ramos Mariath, que também é gerente de Projetos do Moinhos de Vento, a demora no atendimento não tem relação com a transição da gestão.

– O  Moinhos de Vento não reduziu suas equipes e não fez nenhuma demissão até o momento. Estamos com os mesmos quadros de médicos, enfermeiros e técnicos – assegura. 

A razão da demora pode ser atribuída, na análise de Mariath, à mudança nas temperaturas e ao rigor do inverno, que provoca mais problemas respiratórios na população.

– Nesta época, os problemas respiratórios se avolumam e as pessoas usam as emergências como uma unidade de saúde. Os hospitais lotam e as estruturas são mais exigidas. Estas pessoas que ficam mais tempo esperando certamente não são aquelas que precisam de atendimento o mais rápido possível, em que há risco de vida – afirma Mariath.

 O gerente-geral disse que "causa estranhamento" o relato de espera de 20 horas pelo atendimento. Após verificação nos registros do hospital, não foi identificado o intervalo de espera relatado pela usuária.  

Alternativa para atendimento

Mariath afirma que, a partir desta quarta-feira (15), equipes da Associação Vila Nova iniciarão o processo de transição e reforçarão o atendimento na Emergência e demais estruturas hospitalares. 

– Pelo menos 20 profissionais, principalmente enfermeiros e técnicos, irão reforçar a equipe de atendimento do hospital – promete.

Conforme a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre, casos menos graves podem encontrar atendimento mais célere na Clínica da Família da Restinga, situada ao lado do Hospital e com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h.

Justiça confirma Vila Nova como nova administradora

Após imbróglio jurídico, a prefeitura de Porto Alegre confirmou que a Associação Hospitalar Vila Nova será, de fato, a administradora do Hospital da Restinga. O Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) derrubou, na segunda-feira (13), liminar que havia concedido a gestão para a Cruz Vermelha Brasileira do Rio Grande do Sul, que também havia participado da concorrência pública em maio

Inicialmente, a Cruz Vermelha Brasileira havia somado mais pontos nos requisitos exigidos pelo edital e foi proclamada vencedora. Porém, a Associação Vila Nova, segunda colocada na concorrência, recorreu alegando que a concorrente estava inidônea junto à prefeitura de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Com a confirmação, a Cruz Vermelha foi desclassificada do processo, e recorreu à Justiça, obtendo liminar em julho.

Com a decisão em segunda instância, que devolveu a próxima administração à Associação Vila Nova, avançam as tratativas para a transição. As diretorias do Moinhos de Vento, atual controlador, e representantes da Vila Nova se reuniram nesta terça (14) para definir detalhes de mudança. A colaboração entre profissionais de ambas instituições se intensificam nesta quarta (15) e seguem até a próxima segunda-feira (20). No dia seguinte, os novos administradores assumem em definitivo. 

Com a mudança da gestão, estão previstas a instalação da UTI, a ampliação de 62 para 111 leitos, divididos entre pediátricos, adultos e UTI, a criação de quatro blocos cirúrgicos, ambulatório e pronto-atendimento de traumatologia (aberto 12 horas por dia, seis dias por semana), abertura de ambulatórios de infectologia, medicina interna e urologia.


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