Vila Dique
Famílias que vivem na área de ampliação do Salgado Filho sairão do local até segunda-feira
Após acordo com a Fraport, os 16 integrantes da família Fraga tiveram poucos dias para reunir seus pertences
As seis famílias que moram há mais de 50 anos na área onde será construída a ampliação da pista do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, sairão de suas casas até a próxima segunda-feira. Após acordo com a Fraport, concessionária do aeroporto, os 16 integrantes da família Fraga tiveram poucos dias para colocarem em caixas mais de meio século vivido no local. Agora, eles juntarão às 922 famílias da Vila Dique que foram transferidas entre 2009 e 2012. A história dos Fraga foi mostrada pelo Diário Gaúcho em junho deste ano.
– Foi muito rápido. Entre terça e quarta-feira, avisaram que precisaríamos sair até o final de semana. Com o feriado, prorrogaram até segunda-feira – conta Ana Beatriz Fraga de Oliveira, 61 anos, que mora há 40 anos com os filhos Patrick, 27, e Josiane, 22, e o genro.
Menos espaço
A família de Ana conseguiu um novo lugar para morar somente na quinta-feira. A casa nova terá uma área bem menor do que a atual. Será preciso se desfazer de diversos itens.
– Foi o que a gente achou com o orçamento. Vamos ter que se adaptar – lamenta.
Os dois filhos de Ana são cadeirantes, por isso, será preciso uma série de adaptações na nova morada.
Marta Terezinha Fraga, 81 anos, foi a primeira moradora dos Fraga na Vila Dique. Ela chegou em 1959, quando casou com Francisco de Salles Gomes Fraga. Ele já trabalhava havia dez anos no local, para a então Fazenda dos Furtado – na época, proprietários de 133.544 metros quadrados da área. O patrão de Francisco permitiu que o casal permanecesse morando no local.
Agora, ela vai encaixotando os pertences de 60 anos vivendo no local. Na Rua Taim, ela teve seus cinco filhos: Vanderlei Gomes Fraga, 57, Rosane Fraga Severino, 55, Adilson Gomes Fraga, 54, e Solange Fraga Martins, 53, que também vivem na área e precisaram buscar novas casas.
– Já sabia que teria que sair, mas não imaginava que seria tão rápido. Vou sentir falta. Mas vou ter que me adaptar – diz a matriarca.
Acordo entre as partes
Há dez anos, quando o Demhab iniciou o cadastramento para remoção dos moradores da Vila Dique, os Fraga não foram incluídos, pois viviam em uma área considerada particular. Porém, em junho deste ano, as seis famílias receberam uma intimação, onde a Fraport exigia judicialmente a reintegração de posse do terreno.
A assessora jurídica das famílias, Jéssica Bonatto, explica que algumas das indenizações foram determinadas em juízo e outras, acordadas entre as partes. Os valores não serão divulgados, e a Fraport disponibilizou caminhões de mudança para os moradores. Segundo Jéssica, o prazo para a saída das famílias também foi acertado em acordo.
Em nota, a Fraport informou que "as famílias remanescentes da Vila Dique dentro do sítio aeroportuário, irão, em breve, para um local de sua preferência".