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Coluna da Maga

Magali Moraes e o cobertor curto

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

12/09/2018 - 10h00min


Miguel Neves / Divulgação

Antes que o inverno termine, eu preciso falar do cobertor. Aquele do ditado popular, sabe? O cobertor curto. Essa metáfora funciona mais quando tá frio. Peraí que já explico. Um dia alguém teve a ideia de comparar a solução de um problema com o tamanho de um cobertor. O que acontece quando o cobertor é curto? Uma parte do corpo fica sempre de fora. O tecido não consegue cobrir tudo. A gente puxa daqui, puxa dali, e não adianta. Ou gelam os pés. Ou congelam as orelhas.

Num mundo perfeito, o cobertor deveria tapar por completo a pessoa. De preferência, com uma certa folga pra impedir que nenhum vento encanado alcance o corpo. Pra sobrar calor, proteção e aconchego. Se sentir aquecido é uma necessidade humana. Mas na vida real, os cobertores nem sempre são assim. Os curtos são especialmente irritantes. Em algum momento da noite, a gente vai acordar resmungando. Ninguém merece um cobertor que não trabalha direito. 

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Meia-boca

E quando a gente faz a tal comparação com os problemas, esse cobertor imaginário encolhe mais ainda. Cobertor curto é solução meia-boca. É incômodo e desconforto. É tentar se iludir que tomou a melhor decisão, já sentindo o dedão do pé endurecer de frio. Cobrimos a cabeça (tentando não enxergar), encolhemos o corpo, praticamente voltamos à posição fetal. Mas é movimentar um pouquinho o esqueleto pra sentir que faltou meio metro de tecido. Aliviou só no momento. 

O que mais se vê por aí é especialista em cobertor curto. Sabem tudo, resolvem nada. Talvez seja mais produtivo nem se cobrir com ele. E tiritar de frio, buscando outro jeito de resolver de fato o problema. Da próxima vez que alguém se meter a espertinho sugerindo (rapidinho) uma solução paliativa, acione o botão vermelho: "é cobertor curto!!" Imagine um adulto se cobrindo com paninho de criança. E pense no ridículo da situação. Melhor botar a cabeça pra funcionar. E não desistir até encontrar outra saída.   



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