Papo Reto
Manoel Soares: "Precisamos ser abolicionistas de nossas almas"
Colunista afirma que o berço não é o destino das pessoas, independentemente de sua origem
Nesta semana, uma pessoa me mandou uma mensagem dizendo que, por estar na Globo, eu era um vendido. Que enquanto eu andava de avião, pessoas na favela passavam fome e sofriam. Confesso que, quando li a mensagem, me apertou o peito. Não porque acho que ele tinha razão, mas em ver como existem pessoas de espírito limitado.
Por um lado, entendo que ver milhares de pessoas nas quebradas aperta o coração. Mas, pelo que vi, o desconforto maior era me ver em uma condição diferente da minha origem.
Volta ao ninho
Sempre que pessoas como nós rompem as fronteiras, encontram os guardiões da exclusão, que acreditam que nosso lugar é na rabeira da cadeia social. Precisamos entender que berço não é destino, pobreza não é nosso lugar e dinheiro não é nosso objetivo. Precisamos ser abolicionistas de nossa alma. Ninguém pode determinar os rumos da nossa vida. Saber fugir da culpa é importante, não existe vitória sem escolhas e não existem escolhas sem renúncias.
Às vezes, deixamos pessoas e lugares para trás, mas sempre temos que saber que, para matar a fome, quebramos ovos. Faz parte! Independentemente das asas que ganhamos, temos que saber o caminho de volta ao ninho. Compartilhar frutos das conquistas faz a vitória ser mais gostosa ainda