Papo Reto
Manoel Soares: "Somos crianças"
Colunista fala sobre a juventude da nossa democracia
Não se sabe se todas as amizades vão resistir às eleições. Sim, muita gente está se revelando a partir das escolhas. O que a galera esquece é que temos uma democracia jovem. Há apenas pouco mais de 30 anos podemos escolher livre e democraticamente quem comanda o país.
Como qualquer processo cultural, esse também leva tempo e exige exercício constante. Alguns tentam fazer transplante ideológico à força nas redes sociais, confundindo opinião com análise. Os gostos pessoais e achismos se misturam aos argumentos sólidos e fica um diálogo de surdos e mudos políticos.
Este momento, apesar de doloroso, é necessário. Não vamos exercer plenamente a democracia se não respeitarmos a escolha da pessoa ao lado. Amputar esse direito com falas agressivas e impositivas é agir como crianças mimadas que dão chilique quando contrariadas.
Imaturidade democrática
A outra parte desse processo é entender que, às vezes, o que gostaríamos não é o melhor para o país. A alternância de poder não é somente para mudar nomes e siglas, mas lógicas de crescimento. Poucos de nós conhecemos de fato as diferenças entre direita e esquerda. Estamos votando em pessoas, não em projetos.
Essa dinâmica faz com que os candidatos também não apresentem projetos, mas suas biografias maquiadas e ideias que, em muitos casos, não aguentam dois meses. Saber dessa imaturidade democrática não pode nos frustrar, faz parte do jogo viver tudo isso. A verdade é que, quando se trata de política, somos crianças.