Notícias



Teu Bolso

Como economizar luz, gás de cozinha e gasolina, vilões da inflação no orçamento familiar

Sem possibilidade de substituição, a saída é conter o consumo desses três itens

24/10/2018 - 08h21min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
Enviar E-mail
Colagem de fotos de Tadeu Vilani, Adriana Franciosi e Diogo Sallaberry / Agência RBS
Luz, gasolina e gás de cozinha são os vilões na hora de fechar as contas do mês

As famílias da Região Metropolitana de Porto Alegre estão enfrentando um trio cruel para conseguir fechar as contas no final do mês: luz, gás de cozinha e gasolina. O impacto desses três gastos foi flagrado na inflação medida pelo Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Trata-se do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Iepe, que mostrou inflação de 0,39%. E os três itens, sozinhos, levaram esse percentual nas costas.

— Identificamos que 70% da inflação fechada em setembro foi pela soma de energia elétrica, gás de cozinha e gasolina. O problema é que não se consegue reduzir significativamente o consumo deles, não tem alternativa — explica o coordenador da pesquisa IPC/Iepe da UFRGS, Everson Vieira dos Santos.

Ele cita o caso do tomate, que teve uma disparada no preço nas últimas semanas por causa da safra. Como há possibilidade de substituição – colocar legumes e verduras na salada, por exemplo –, é possível fugir do estrago no bolso. Mas, com a energia elétrica, não há para onde escapar. Há cinco meses, os consumidores pagam bandeira tarifária vermelha (cobrança extra de R$ 5 a cada 100 kW na conta), valor que se soma aos reajustes da tarifa.

Apertar o cinto é a saída

Por causa do aumento da gasolina, outro dos vilões do IPC/Iepe, a Região Metropolitana teve a maior inflação na prévia de outubro divulgada pelo IBGE nesta terça-feira (23). E o acumulado de 12 meses da inflação também é o maior do país: está em 5,51%. Levantamento do Procon Porto Alegre de segunda-feira (22) identificou que a gasolina comum varia de R$ 4,820 a R$ 4,999 na Capital. O órgão também conferiu neste mês o preço dos botijões de 13kg em 34 estabelecimentos, e os valores oscilaram entre R$ 61 e R$ 75.

— A saída para tentar reduzir esses gastos fica somente na capacidade das famílias de disciplinar os componentes da casa. Todos devem assumir papel de diminuir o consumo de energia, por exemplo, aproveitar mais a luz natural, abrir menos vezes a geladeira, adotar o ônibus sempre que possível, entre outras medidas — recomenda o coordenador da pesquisa IPC/Iepe.

Impacto pesado no orçamento do mês

A cozinheira Débora Emilene Moura Ferreira, 40 anos, chega a ter uma prancheta com as contas de luz de quase um ano atrás. Trata-se do atual inimigo número 1 da família. A fatura de outubro é de R$ 389, e ela teme que a barreira dos R$ 400 seja superada em novembro. O problema é que a luta contra os inimigos número 2 e 3 também não é nada fácil: são dois botijões de gás por mês, cerca de R$ 140, e gasolina para encher dois tanques do carro da família, valor que ela estima em mais R$ 400 mensais – por enquanto.

— Eu trabalho em casa, faço salgados e refeições para vender. Por isso, gasto muito gás. E faço as entregas de carro, aqui na região e mais longe, não tem lugar onde não vá. E tem essa conta de luz, que era de cerca de R$ 150 e deu um salto. Então, sei bem o peso dessas três gastos — conta a moradora do bairro Partenon, zona leste de Porto Alegre.

Somados, os três vilões sugam quase R$ 1 mil por mês, o que chega a ser até metade do que Débora consegue lucrar com a comida e os salgados. O que ajuda a amenizar esse drama é o salário do marido, Rafael Maciel Moura Ferreira, 28 anos, pizzaiolo.

— Eu trabalho aqui perto, então vou a pé para o meu emprego. Isso já ajuda muito, não gasto com transporte. O carro, mesmo, é usado para as entregas — conta Rafael.

Outras seis pessoas vivem na casa com Débora e Rafael: três filhos, genro e dois netos. A chance para economizar parece estar na energia elétrica. O valor perto dos R$ 400 é um mistério para ela, e uma obra em toda a fiação da casa pode ser a solução para estancar essa conta. Enquanto isso, capricha nas viandas para captar mais clientes e faturar mais por mês.

— Faço tudo separadinho, o feijão numa potinho, a salada na outra, tudo bem bonito. Fiz para o Rafael levar pro trabalho e os colegas dele gostaram, começaram a me encomendar, e a coisa engrenou. Chegam a vir comer aqui em casa. Nós dois trabalhamos com alimentação, queremos um dia montar nosso restaurante — sonha Débora.

25 dicas para domar os três vilões


Energia elétrica

1) O chuveiro elétrico é um dos maiores vilões da conta de luz. Explique às crianças da casa que o banho precisa ser rápido.

2) Os chuveiros eletrônicos, com mais opções de temperaturas, tendem a ser mais econômicos, pois possibilitam escolha de faixas intermediárias de calor, sem usar a opção mais quente.

3) Algumas pessoas ligam antes o chuveiro para esquentar o banheiro. Se organize com a família para que todos tomem banho em sequência, aproveitando o calor do ambiente.

4) Evite fazer a barba durante o banho. As mulheres, dentro do possível, também podem evitar a depilação em água corrente.

5) Opte por lavar roupas em dias mais secos e menos frios, para depender menos dos secadores elétricos.

6) Certifique-se de que o termostato da geladeira está na função adequada à estação: temperatura baixa demais sem necessidade é mais gasto.

7) Limpe os filtros do ar-condicionado e de condicionadores de ar portáteis, para que a energia consumida seja transformada em calor da forma mais eficiente.

8) Aquecedores elétricos a base de óleo consomem menos do que os que funcionam com resistência, além de serem mais benéficos à saúde por manterem a umidade do ar.

9) Durante o dia, tente aproveitar melhor a luz natural dos ambientes abrindo as cortinas ou janelas. Nem sempre é preciso acender a luz para as atividades do cotidiano.

10) Passe mais roupas de uma vez só. O processo de aquecimento da resistência do ferro é gradativo e demorado. Ligar uma única vez e passar uma grande quantidade de peças é  mais racional e econômico do que ligar repetidas vezes. 


Gás de cozinha

11) Evite vazamentos: verifique a mangueira do gás com frequência. Examine minuciosamente e certifique-se de que está encaixada e dentro do prazo de validade. Isso garante a segurança e a economia do gás de cozinha.

12) Use panelas proporcionais à boca do fogão, o contrário provoca desperdício de gás. Boa parte do calor gerado acaba passando para o ar e não para a panela.

13) Use mais a panela de pressão. Como essa panela cozinha com mais facilidade, é tida como aliada da economia de gás.

14) Repare na coloração da chama. O ideal é que esteja azulada. A cor amarela indica que os queimadores estão desregulados e, por isso, acabam soltando mais gás do que o necessário.

15) Alimentos de molho um dia antes (atitude válida para itens como feijão, arroz, grão de bico, ervilhas secas, grão de soja e semente de trigo) torna o cozimento mais rápido.

16) Descongele previamente carnes e outros alimentos que costumam ficar no congelador e são preparados no fogo. Isso ajuda a reduzir o tempo de cozimento e gera uma boa economia do gás.

17) Otimize o uso do forno. Quando for assar algo, procure incluir mais de um prato na mesma leva. A cada vez que o forno é ligado, uma grande quantidade de gás é liberada para que ele fique aquecido.


Gasolina 

18) Trocar as marchas na hora certa mantém a rotação baixa e poupa gasolina. Nos carros mais novos, o motorista deve prestar atenção no indicador para troca de marcha na hora certa.

19) Não acelere o carro imediatamente antes de desligá-lo, isso aumenta o gasto. Antigamente, havia motivos para isso, como dar uma carga na bateria ou jogar combustível dentro do motor. Carros fabricados a partir dos anos 1970 já não precisavam disso.

20) Rodar com os pneus calibrados é essencial para economizar combustível. O ideal é fazer a conferência uma vez a cada 15 dias, pelo menos.

21) Gasolina aditivada deixa o motor mais limpo, nas condições originais por mais tempo. Isso ajuda no consumo ideal. Mas só funciona com o uso continuado da aditivada, por longo tempo.

22) Com os vidros abertos, em uma rodovia, o ar "freia" o veículo e o gasto equivale ao do ar-condicionado. Na velocidade urbana, esse efeito é irrelevante. Logo, vale a pena, sim, desligar o ar-condicionado em dias de temperatura amena. Se precisar de aquecimento, ligue o ar quente que usa somente a ventilação.

23) Veículo em velocidade constante poupa combustível. Quanto menos se acelera para mudar de velocidade, menos combustível o motor puxa. Manter a velocidade significa exigir menos do acelerador.

24) Carro com muita bagagem gasta mais, por causa da exigência que se faz a mais do veículo. Carro mais leve é mais econômico. Ou seja, tire do porta-malas a carga desnecessária para não ter prejuízo. Não deixe acumular no bagageiro, por exemplo, cadeiras de praia, caixa de ferramentas e engradados de bebidas.

25) Manutenção faz o veículo gastar menos combustível. O segredo para o motor não consumir demais está no bom estado das velas e dos filtros do motor.

Fontes: Centro de Pesquisa do Instituto Mauá de Tecnologia (SP), Ultragás e Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (Asbrav)


MAIS SOBRE

Últimas Notícias