Papo Reto
Manoel Soares e o ET que fugiu
Colunista imagina o que um extraterrestre pensaria sobre nossa sociedade atual
Ontem, quando pousava no aeroporto em Porto Alegre, tive a impressão de que uma nave alienígena estava entre as nuvens. Em um piscar de olhos, o objeto sumiu, fiquei olhando fixamente e, para minha tristeza, não vi mais nada. Depois, me coloquei no lugar do ET e comecei a tentar entender esse mundo doido. Bandidos matam por velar vagabundo, famílias brigam por causa de divergências políticas, as mesmas divergências que fazem mestres de capoeira e transexuais serem assassinados.
Bandidos matam por nada. A polícia, volta e meia, é tratada como gari social, que precisa tirar o que a sociedade chama de lixo das ruas e, quando faz o que pedem, dizem que fez errado. Se eu fosse o ET, também daria meia-volta e buscaria outro planeta.
Afinal, se as pessoas que têm pele marrom ou preta já sofrem racismo, imagina ele, que tem pele verde? Se disser que é vítima, a situação piora, tem que apanhar calado e rir. E não adianta tentar criar o direito dos ETs, não vai colar: se os humanos não aceitam os direitos humanos, vão trucidar quem propor direito de outras espécies.
Se eu pudesse mandar um Whats para o ET, diria que ele deve vir na pele de um cachorrinho, porque quem defende cachorrinho teve mais voto nas últimas eleições do que quem defende crianças. Queria muito conhecer o ET, mas, levando em conta como a terra está bagunçada, entendo ele ter metido o pé.