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Coluna da Maga

Magali Moraes e o Finados: pra lembrar os mortos e os vivos

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

02/11/2018 - 10h00min


Miguel Neves / Divulgação

Hoje é dia de pensar naqueles que não estão mais entre nós. E quem disse que a gente precisa de uma data especial pra isso? É no dia a dia que eles fazem mais falta. No corredor do supermercado, ao achar a balinha preferida. Quando toca aquela música no rádio. Num momento de distração qualquer. Ao sentir um perfume que parece trazer a pessoa de volta. Ouvindo uma risada que chega a confundir, de tão igual. Ao identificar em alguém na rua o mesmo estilo de se vestir ou o jeito de caminhar. 

Sempre que eu passo (bem devagar) na frente dos antigos endereços das minhas avós, dá um quentinho no coração. Voltam as vozes, o toque da pele. As lembranças ficam nítidas. Consigo até enxergá-las abanando do portão. E assim acontece com as piadas do vô, os passeios com meus dindos, as tias e tios queridos que já se foram. Adivinha quem é o campeão das lembranças repentinas? Meu pai. Não tem um dia em que eu não pense nele. Dois de novembro é pouco. Dois domingos atrás. Dois verões. Duas vezes ao dia. 

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Nesse Finados, quem sabe a gente também pensa nos vivos? Em quem anda sumido. No vizinho que se afastou. No lado da família que quase não vemos. Nos antigos colegas de trabalho. Nas amigas que estão vivinhas da Silva, mas faz um tempão que ninguém se liga. Nos filhos, netos e sobrinhos que poderiam abrir um espaço na agenda e procurar os mais velhos. Hoje é feriado, algum tempo livre vai sobrar. Quer transformar esse dia num gesto de carinho? As futuras lembranças são feitas agora. 

Imagina um dia dos mortos que se enche de vida. Por mais que a saudade aperte, que os olhos não sequem, que o coração demore a bater com a disposição de antes, o tempo acalma tudo. A paz volta. A gente precisa focar nas pessoas que estão ao nosso redor. São elas que podemos abraçar, beijar, cuidar, conviver e declarar amor. Nos cemitérios, hoje é dia de flores e orações. Que seja também de reencontros e proximidade.      



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