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Diário Gaúcho te ajuda a entender os protestos dos "coletes amarelos", na França

Quem responde é o colunista de Zero Hora Rodrigo Lopes

10/12/2018 - 08h01min

Atualizada em: 10/12/2018 - 14h15min


Rodrigo Lopes
Rodrigo Lopes
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ALAIN JOCARD / AFP
Não há liderança clara entre os manifestantes

Pela quarta vez, protestos tomaram conta da frança, no sábado. O diário gaúcho convidou o colunista de Zero Hora Rodrigo Lopes para explicar o que está acontecendo por lá. confira.

O que está acontecendo na França?

Durante quatro sábados consecutivos, houve protestos por todo o país, alguns deles muito violentos. No sábado passado, mais de 1,7 mil pessoas foram detidas. Os manifestantes se autodenominam “coletes amarelos”, em referência ao acessório que todo motorista deve levar no carro como item de segurança na França.

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O que querem os manifestantes?

Há uma extensa lista de reivindicações. Mas o ponto principal é a suspensão definitiva do aumento da alíquota sobre combustíveis, que entraria em vigor em 1º de janeiro. Também pleiteiam o aumento do salário mínimo – hoje em 1,5 mil euros (R$ 6,5 mil). Eles protestam ainda contra o aumento das tarifas de energia elétrica, o maior rigor na vistoria periódica de veículos e a extinção do imposto sobre fortunas. O pano de fundo é a redução do poder aquisitivo da classe média.

Há semelhanças com a greve dos caminhoneiros no Brasil, em maio?

Em parte. Embora haja caminhoneiros no grupo dos coletes amarelos, o movimento francês é muito mais diverso. Há aposentados, artesãos diaristas, desempregados, operários e pequenos empresários. No caso brasileiro, os manifestantes basicamente reclamavam da disparada no preço do diesel. Na França, as exigências são mais amplas – há quem exija até a renúncia do presidente Emmanuel Macron.

Há duas semelhanças entre Brasil e França. A primeira: a falta de uma liderança unificada. A segunda, a maneira de agir: bloqueio de estradas. Na França, as manifestações incluem atos de violência urbana.

O que fez o governo francês?

O governo recuou em algumas medidas. Congelou por seis meses o reajuste da taxa sobre combustíveis e a convergência de preços do diesel e da gasolina, além de suspender o aumento da tarifa de eletricidade ao menos até maio de 2019. Esta é a primeira grande derrota do presidente Emmanuel Macron, eleito em 2017 por mais de 20 milhões de eleitores (66% dos votos) com a promessa de renovação da política francesa. 

Seu movimento En Marche! (Em Marcha!) venceu com a promessa de não representar nem a esquerda nem a direta. Um dos erros do governo foi ter acreditado que, por dispor de muita popularidade, poderia implementar seu pacote de reformas sem negociar com a oposição e sem mediação dos poderosos sindicatos franceses. Hoje, ele se encontrará com representantes de sindicatos e fará um pronunciamento sobre o assunto.

Como está a situação agora?

A oposição diz que a suspensão temporária do aumento dos preços dos combustíveis não é suficiente. Quer o cancelamento total da medida. Nos bastidores, a extrema-direita e a esquerda populista exigiram a dissolução da Assembleia Nacional e eleições legislativas antecipadas. A direita de tradição moderada reivindica um referendo.

A posição dos coletes amarelos sobre o recuo do governo é difícil de compreender uma vez que não há um comando claro no grupo. Alguns representantes já afirmaram que não aceitarão “migalhas de pão”. De acordo com pesquisas, o movimento conta com apoio de cerca de 70% dos franceses. 


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