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Apenas casos urgentes

Greve reduz ritmo dos atendimentos na rede pública de saúde em Canoas

Paralisação iniciou nesta quarta-feira (5) por funcionários do Gamp, que administra dois hospitais e duas UPAs no município

05/12/2018 - 16h09min

Atualizada em: 05/12/2018 - 19h19min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Lauro Alves / Agencia RBS
Protestos marcaram o primeiro dia da paralisação

Já em ritmo lento nos últimos dias em razão da falta de repasses por parte do Estado, os atendimentos nos hospitais de Canoas sofreram uma nova redução nesta quarta-feira (5). Cerca de 300 funcionários do Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp), que administram oito instituições de saúde em Canoas, entraram em greve por falta de pagamentos e melhores condições de trabalho. Os locais afetados são o Hospital Universitário (HU), o Hospital de Pronto Socorro de Canoas, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Rio Branco e Boqueirão, e quatro Centros de Assistência Psicossocial (Caps). 

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Somente casos de urgência estavam sendo atendidos no hospitais e UPAs, onde apenas 30% do efetivo seguiu trabalhando. A prefeitura da cidade, por meio de nota, garantiu que os casos urgentes não deixarão de ser atendidos em nenhum momento.

A paralisação foi aprovada na quinta-feira (29), em assembleia do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do Estado (Sindisaúde-RS) em conjunto com mais três sindicatos, e passou a valer na manhã desta quinta-feira. A greve é por tempo indeterminado.

– É inaceitável o que o Gamp está fazendo com a saúde de Canoas. Chega, alguém precisa intervir nisso. Para onde está indo todo o dinheiro repassado pela prefeitura? – questiona Julio Appel, vice-presidente do Sindisaúde-RS. 

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Repasse

Tanto no HU quanto no HPS, o movimento era tranquilo na manhã desta quinta-feira. Isso porque Canoas já vem sofrendo com redução nos atendimentos. Há duas semanas, o município suspendeu processos eletivos _ que incluem consultas, exames e cirurgias de menor complexidade que já estavam agendadas. Desde então, os três hospitais da cidade estavam atendendo apenas casos de urgência e emergência, deixando mais de 150 municípios que tem estes locais como referência desamparados. Agora, com a greve dos funcionários, a situação se agravou. A procura pelos hospitais diminuiu em razão destas reduções.

Lauro Alves / Agencia RBS
Poucos pacientes procuraram os locais

Quem conseguiu estava aliviado

Nesta quarta, quem aguardava atendimento apontou que somente a complexidade das situações possibilitou a entradas nos hospitais. Quem conseguiu o acesso, se demonstrava aliviado. O programador Mauri de Matos, 35 anos, levou o filho Arthur, um ano e três meses, às pressas para o HPS, em razão de problemas após uma aspiração – o menino usa uma traqueostomia. Arthur foi transferido para o HU na manhã desta quinta-feira, e aguardava para retornar ao HPS.

– Apesar da greve, foi tudo bem com o atendimento. O único problema é a demora, como tem menos pessoas atendendo, demoram mais para chamar – conta Mauri.

O comerciário Paulo Vieira, 73 anos, trouxe a mãe, Neli Vieira, 73 anos, até o HU. A doméstica aposentada fraturou o braço direito no dia 9 de novembro, e nesta quarta-feira tinha uma consulta de retorno, para troca do gesso. Paulo contou que na área de espera por atendimento, restrita aos pacientes, o movimento estava tranquilo.

– Tem pouca gente indo aos hospitais, em razão de já ter restrições há alguns dias. E também nos ligaram para avisar que teria o atendimento, o que deve ter ocorrido com outros pacientes. Assim, não gerou tumultos. A paralisação está bem organizada – acredita Paulo.

Lauro Alves / Agencia RBS
Cartazes mostram restrições

Repasse é insuficiente, diz Gamp

O Gamp explicou, em nota, informou que a prefeitura repassou R$ 16,35 milhões para o grupo no último mês. Deste recurso, 70% foi destinado à folha de pagamento e o restante, para assistência da saúde, que inclui compra de medicamentos, materiais, órtese e prótese, entre outros insumos para manter as unidades de saúde abertas. Porém, segundo o Gamp, o contrato firmado com a prefeitura de Canoas para a gestão do HU, HPS, de duas UPAs e quatro Caps, é de e R$ 21,3 milhões mensais – menos do que o dinheiro repassado.

O Gamp ainda informou que havia protocolado junto à Secretaria Municipal da Saúde, em outubro (SMS), a solicitação de verba de R$ 31 milhões para o mês de novembro, já prevendo o pagamento da primeira parcela do 13º salário dos colaboradores. E, desde maio do ano passado "vem comunicando em atas o descompasso custo X recebimento, que gerou até o momento um débito de R$ 51 milhões com fornecedores e terceiros".

Prefeito rebate afirmações

Diante da alegação do Gamp de insuficiência no dinheiro repassado pela prefeitura para manter as instituições, o município explicou, em nota, que a administradora tem como obrigação garantir que "os custos dos serviços sejam coerentes com o dimensionamento dos recursos disponíveis", ou seja, podendo se reduzir os gastos quando menos dinheiro é repassado.

A administração ainda reitera que nunca foi autorizado pela comissão de gestão em saúde da cidade, e nem pela SMS, gasto superior ao pactuado com o município. Portanto, "quaisquer dívidas assumidas pela empresa são, exclusivamente, de responsabilidade própria". 

A prefeitura ainda garante que sempre pagou o Gamp em dia e somente pelos serviços efetivamente prestados, "prezando pela uso responsável do dinheiro público". Por fim, com relação aos R$ 51 milhões reclamados pelo grupo, Canoas não reconhece essa dívida, "o montante está sendo discutido e revisado por uma comissão interna da prefeitura, composta por auditores".

 Em audiência na 4ª Vara do Trabalho de Canoas, ontem, a prefeitura comprometeu-se a depositar R$ 12 milhões na conta do Gamp, referentes à competência de dezembro. O Gamp deverá elaborar uma proposta de quitação dos salários atrasados dos profissionais, como forma de dar fim à paralisação da categoria. A proposta será apresentada aos trabalhadores em assembleia hoje, em frente ao Hospital Universitário, a partir das 20h.   


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