Nesta semana, a menina da foto, chamada Giovana, pediu um Uber e, para a surpresa dela, veio este motorista chamado Alexandre Rodrigues. Seria tranquilo se ele não tivesse sido o protagonista no maior sucesso mundial do cinema brasileiro. Sim, no filme Cidade de Deus, lançado em 2002, ele era o Buscapé. 

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Além de inusitada, a foto nos leva a outras reflexões. Óbvio que dirigir em aplicativo não tira a dignidade de ninguém e é um trabalho como qualquer outro. Mas o que leva um cara que bombou no mundo inteiro a ficar sem trabalho em sua área e ter que se apegar na informalidade do volante? 

Conheci Alexandre, um cara que não tem vícios, é inteligente e disciplinado. Acredito que dois fatores são predominantes: a crise que assola milhões de brasileiros e o racismo. Sim, porque a Alice Braga, que fez par com ele, hoje atua em Hollywood – por coincidência, ela é de pele clara. Pessoas que não acreditam na força do racismo vão achar que estou forçando a barra, mas proponho que parem de ler e tentem lembrar o nome de 10 atores negros agora. 1,2,3 e já... Viu só? 

Com mais de 54% da população negra, você não deveria ter essa dificuldade. Você não lembrar é consequência do racismo, Alexandre abandonar o que ama também é, e assim talentos dentro e fora das telas são perdidos. Parabéns a ele, que não desiste nunca. Espero que seu talento seja reconhecido.