Canoas
Prefeitura suspende atividades de empresa responsável por contaminação de cromo
Cromagem São Vicente não poderá mais fazer o recobrimento metálico de objetos com o cromo até a conclusão de todos os estudos que apontem a extensão da contaminação
A prefeitura de Canoas suspendeu na manhã desta terça-feira as atividades da empresa Lacerda, conhecida como Cromagem São Vicente, responsável pela contaminação por cromo VI do lençol freático no bairro Niterói. A atuação da empresa, que envolve o processo para recobrimento metálico de objetos com o cromo, fica interrompida até o término de todos os estudos técnicos que mostrarão a extensão da poluição pelas ruas do bairro. O cromo VI, quando em alta concentração na água, é cancerígeno.
– Entendemos que a empresa precisa melhorar a contenção nos recipientes de cromo. Atualmente, eles não apresentam vazamentos, mas ainda há melhorias a serem realizadas em relação à contenção. Queremos deixar claro que não estamos interditando a empresa, estamos apenas suspendendo a operação de galvanoplastia – explica a titular da Diretoria de Licenciamento, Fiscalização e Monitoramento, Vera Maria Bini.
Segundo Vera, não há necessidade de interdição da atividade porque a empresa técnica responsável pelos estudos está emitindo laudos para acompanhamento da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Canoas. Todos os custos estão sendo pagos pela Cromagem São Vicente.
Em encontro realizado com o Ministério Público, ficou definido que a Cromagem São Vicente tem até 28 de fevereiro para apresentar todas as análises com detalhes da extensão e gravidade do problema.
Responsável pelo inquérito civil que investiga o caso, o promotor Felipe Teixeira Neto visitou a cromagem com técnicos da Fepam, que preparam um relatório a respeito da situação do local.
– A atividade opera de maneira precária e precisa de melhorias imediatas para fins de qualificação do fluxo de trabalho.
A empresa têm ainda dez dias para fazer melhorias físicas na infraestrutura do local.
Manifestação da empresa
Em nota enviada pela prefeitura, o proprietário da empresa, Paulo Roberto Lacerda, afirmou a empresa está colaborando com a secretaria e cumprindo todas as resoluções. "A contaminação não foi algo intencional, nos 52 anos de atividades da empresa, nunca houve um acidente ou um derrame de cromo. Portanto, acreditamos que tenha sido algo pontual que aconteceu há muitos anos", afirma na nota.
Segundo Lacerda, a empresa contratada para a análise técnica já iniciou o estudo, e os resultados preliminares demonstram uma redução significativa de contaminantes à medida em que a análise se afasta do local onde ficam os recipientes de cromo. "Entendemos a precaução da prefeitura e dos órgãos responsáveis, mas acreditamos que os resultados vão demonstrar que a contaminação não é extensa, uma vez que utilizamos pouco cromo em nosso processo. Todos os resíduos da empresa têm a destinação correta", completa.
Alerta
Segue o alerta para que a população evite o contato direto com a água subterrânea e não a utilize para consumo, para irrigação de hortaliças e de frutíferas, até que esteja bem caracterizada a abrangência da contaminação.
Enquanto não se conhece exatamente a extensão da contaminação, como medida de cautela, a Vigilância Sanitária de Canoas considera como áreas de risco o quadrante que começa na BR-116 (Avenida Guilherme Schell) até Rua Fernando Ferrari e entre a Rua Minas Gerais e a Rua Alegrete.