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Samba volta para a avenida

Carnaval terá desfile de escolas de samba em 2019

Evento, que será realizado no Porto Seco, seguirá novo modelo proposto pelas próprias escolas

08/01/2019 - 21h47min

Atualizada em: 08/01/2019 - 22h52min


Cláudio Brito
Cláudio Brito
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Camila Domingues / Especial

O Carnaval de Porto Alegre voltará a ter desfiles de escolas de samba e de uma tribo carnavalesca. Para não ocorrer o que marcou negativamente 2018, alguns presidentes resolveram fazer o que for possível em 2019, à revelia da Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre (Liespa), que não teve sucesso em negociações com possíveis patrocinadores. 

As agremiações do Grupo Ouro (antigo Grupo Especial) estão dispostas e já cuidam das novas regras para um desfile competitivo, valorizando os quesitos de chão e reduzindo a avaliação para sete notas, sem a obrigação de apresentarem alegorias, entre outras adaptações.

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Amanhã, na quadra dos Bambas da Orgia, haverá uma entrevista coletiva para que todos os detalhes do novo modelo sejam conhecidos. O local foi escolhido por ser a casa da escola de samba mais antiga da cidade, há quase 79 anos em atividade. Seu presidente, Nilton Pereira, estará recebendo os demais.

Quem participa

As entidades confirmadas são, além dos Bambas, Imperadores do Samba, Imperatriz Dona Leopoldina, Estado Maior da Restinga, União da Vila do IAPI e Império da Zona Norte. Ainda poderão chegar os Acadêmicos de Gravataí, que até agora não garantiram participação. Os Embaixadores do Ritmo já disseram que ficarão de fora, se o formato for mesmo o que está anunciado, com recursos escassos, como se imagina.

Serão dois desfiles no Porto Seco, dias 15 e 16 de março. Ainda não está pronta a “grade de programação”. Há duas ideias sendo trabalhadas. Uma, defende que na primeira noite desfilem as escolas do Grupo Prata: Samba Puro, Vila Mapa, Copacabana, Praiana, Império do Sol (São Leopoldo), Realeza, União da Tinga e Vila Isabel (Viamão). Os Fidalgos e Aristocratas, do Grupo Bronze, serão convidados a participar. As escolas do Ouro fariam a segunda noite. 

Há também a sugestão de desfiles mistos. Nas duas noites haveria escolas do Ouro e do Prata. E, como convidada, uma tribo, Os Comanches. O que já está resolvido é que teremos Carnaval.

Omar Freitas / Agencia RBS

Em conjunto

Érico Leoti, presidente dos Imperadores do Samba, é um dos responsáveis pelo encaminhamento que está levando as escolas ao novo desenho. Seu parceiro tem sido o presidente da Vila Mapa, Arlindo Mença, o Baia. Ele também preside a UECGAPA - União das Entidades Carnavalescas do Grupo de Acesso de Porto Alegre. Em 2017, só houve desfile do Grupo Ouro e por isso as do Prata estão muito dispostas a enfrentar as dificuldades e encarar o Porto Seco, em cujos barracões há ainda alegorias inéditas do desfile não realizado.

Para arrecadar algum dinheiro e patrocinar a preparação dos desfiles, as escolas estão movimentando suas quadras, com ensaios e eventos especiais, em conjunto. Umas visitam as outras e assim mobilizam a comunidade sambista. A busca de parceiros comerciais continua, “pois sempre serão muito bem-vindos”, como disse Érico Leoti ao anunciar o que foi decidido e o que se encaminhará a partir do encontro desta quinta-feira.

Presidentes falam em "salvar cultura popular"

Presidentes de duas das mais antigas escolas de samba de Porto Alegre, Nilton Deoclides Pereira, da Bambas da Orgia, e Erico Leoti, da Imperadores do Samba, parecem alinhados no discurso em defesa da realização dos desfiles. Ambos acreditam que, mesmo com um formato simplificado, o Carnaval deve ser realizado.

– Pode-se dizer que é um recomeço, a partir de uma conscientização da situação do momento. Não podemos ficar um segundo ano sem os desfiles. Então, vamos para uma tentativa de salvar a cultura popular. Se tiver que ser na cordinha e no banquinho, como antigamente, que seja – afirma Nilton, referindo-se às décadas de 1950 e 1960, quando uma corda era usada para separar as escolas de samba do público, que ficava em pé ou em bancos de madeira, levados de casa.

Tratativas

Erico lembra que as conversas entre os presidentes das entidades do Grupo Ouro (primeira divisão) vêm ocorrendo desde setembro.

– Começamos a afinar a ideia quando houve um recuo da empresa que havia acenado com um possível financiamento. 

Ao mesmo tempo, observamos nas redes sociais e nas quadras de ensaio um anseio dos carnavalescos para que houvesse desfile em 2019, independentemente do formato. Seguimos então a UECGPA , que havia decidido realizar seu desfile – disse.

Ao mesmo tempo em que faz menção à União das Escolas de Samba do Grupo de Acesso de Porto Alegre (UECGPA), o presidente da Imperadores demonstra um distanciamento da Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre (Liespa): representante do Grupo Ouro.

– A Liga não estava olhando para o mesmo caminho. Temos que buscar um modelo com uma estrutura e um projeto adequados à situação das escolas.


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