Coluna da Maga
Magali Moraes: a escada e o elevador
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Digamos que você está na frente dos dois. Nenhuma limitação física te impede. Qual você escolhe pra subir? Elevador, eu aposto! Também faço isso. Somos preguiçosos (sem ofensas, tá). Inventamos mil desculpas que justificam essa escolha. Estamos com sacolas. Com pressa. Cansados. Com fome. No tempo em que ficamos esperando o elevador chegar, um lance de escada já teria ido. A menos que alguém tenha deixado a chaleira ligada no fogão e voltou correndo, não tem porque pegar elevador.
Descer de escada até vai, né? Se o Doutor Dráuzio Varella lesse a coluna, garanto que ia concordar comigo. Escada faz bem pras coxas e pro coração. É se exercitar de graça. Quer mais pontos positivos? Se cansar, dá pra sentar num degrau e recuperar o fôlego. Ninguém fica trancado numa escada, esperando o técnico chegar pra abrir a porta. Garanto que você tá lendo e sacudindo a cabeça positivamente. Mas qual foi a última vez que encarou uma escada? Contou os degraus? Descer não conta.
Gostosinho
Mais comodidade que o elevador, só a escada rolante. Sinal de progresso e tecnologia. Idem a esteira rolante. Tão gostosinho caminhar parado, né? Dá até pra admirar a vista. O problema é quando a escada rolante estraga. Subir uma delas sem a ajuda do motor é dar passos imensos. É ter certeza absoluta do quanto as nossas pernas são curtas (baixinhos me entenderão). Vencer cada degrau de uma escada rolante desligada é escalada. Aquilo deve ter o dobro do tamanho normal.
Elevador é o queridinho. Mas é a escada que serve como metáfora de crescimento profissional. Ralar subindo cada degrau significa conquistar reconhecimento, vencer desafios e seguir rumo ao topo. Bom, eu não mudei de cargo. Só mudei de andar no trabalho. Agora subo e desço escadas, sem opção de elevador. Não tem um dia que eu não chegue ofegante no segundo andar. Imagina se fosse o terceiro. Meus músculos foram promovidos. Meu fôlego está subindo na vida!