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Coluna da Maga

Magali Moraes e a cidade vazia

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

07/01/2019 - 10h00min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

A calmaria no trânsito é a grande vantagem de enfrentar o verão na cidade. Talvez ela seja a única. Tudo bem, vamos ser otimistas! Enquanto o pessoal lá na praia briga por um metro quadrado livre na areia pra fincar seu guarda-sol, aqui nós circulamos por um deserto de ruas e avenidas. Poderíamos estender nossas toalhas e cangas em pleno asfalto vazio. Mas quem seria doido de fazer isso, com um calorão dos infernos? Já é maravilhoso percorrer na metade do tempo os trajetos de sempre.

Se a fila do pão é gigante no final de tarde em todo o litoral, aqui na civilização alcançamos mais rápido o pãozinho francês de cada dia. Sem falar que ninguém corre o risco de ficar sem pão porque o cidadão que tá na frente pediu 30 cacetinhos. Também não engordamos comendo todos os sonhos de Mu-Mu que os veranistas consomem. É que estamos ocupados demais suando e tomando outro banho pra refrescar. Até perdemos a fome, olha que econômico.

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Vitrines

Os ventiladores, se pudessem falar, diriam que preferem passar o verão na cidade. Aqui eles são o centro das atenções. Não esquentam lugar nas vitrines das lojas. E os condicionadores de ar, que reinam ligados a noite toda, apesar da conta salgada de luz? Na praia, sempre tem um ventinho que faz pensar duas vezes antes de ligar. Falando em vitrines, quem se desidrata no calorão urbano aproveita primeiro as liquidações de verão. Quando a turma da praia chegar, não sobrou muita coisa.

Na cidade não tem mil barraquinhas de crepe, eu sei. Mas tem mesinha de rua, sorvete, casquinha de siri, chopinho gelado. Tem parque e calçada pra abrir a cadeira de praia e botar a conversa em dia (na sombra ou depois que o sol se mandar). Tem cinema vazio. Tem lugar sobrando no ônibus. E tem aquela vontade de pegar a estrada pra ver o mar. Não dá pra ter tudo, né? Mais cedo ou mais tarde, o pessoal da praia vai enjoar da vida mansa e voltar. Por enquanto, a cidade é nossa. Bora aproveitar!



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