Papo Reto
Manoel Soares: "Tenho muito medo de perder a Dona Ivanete"
Colunista escreve nas edições de fim de semana do Diário Gaúcho
Mãe e morte são palavras que parecem não ser do mesmo universo. Quem já perdeu a mãe pode nos ajudar a entender a reflexão que se inicia com este texto. Não faço ideia do impacto que acontece quando a pessoa que nossa mente considera eterna simplesmente não acorda.
Antes de escrever este texto, conversei com alguns amigos que viveram este momento. As descrições foram difíceis. Eles relataram que olhavam suas mães cobertas de flores, e o cérebro não processava que era a última vez que as veriam.
Estas pessoas disseram que dariam 10 anos de suas vidas por mais um dia com suas mães. Que o coração suplica por um milagre: que algo aconteça, que o tempo volte, que o mundo pare e o ar volte ao pulmões que tanto se encheram ao nos ver chegar.
Abismo
Não estamos preparados para perder essas “velhas”. A única coisa capaz de fazer essa separação ser menos dilacerante é a certeza de que não economizamos “eu te amo”, que não causamos dor além das inevitáveis e que ela partiu segura de que deixou o mundo melhor com nossa existência.
Eu tenho muito medo de perder a Dona Ivanete. Isso me faz ser devoto do amor por ela. Recomendo aos filhos lembrarem que mães morrem. Então, façamos de cada dia com elas momentos mágicos, pois, quando faltar o milagre que as traga de volta, só a magia desses momentos será capaz de nos tirar do abismo.