Papo reto
Manoel Soares questiona morte em supermercado no Rio de Janeiro
Colunista escreve nas edições de final de semana do Diário Gaúcho
Um segurança em um supermercado imobiliza um jovem doente mental que também é usuário de drogas, alegando que ele tentou pegar a arma. Até aí, o profissional está no seu papel, tinha que garantir a segurança. A questão é que, nesta ação, ele estrangula e mata o jovem na frente da mãe. Várias pessoas assistiam e pediam para que ele parasse, porque o o jovem estava morrendo. O segurança mandava todos calarem a boca porque ele sabia o que estava fazendo.
Tudo foi gravado. Mesmo assim, o segurança foi até a delegacia e o delegado disse que ele pode responder em liberdade. A questão que levanto é: precisava matar? Não sou a favor da impunidade, quem comete crime deve responder por ele na Justiça. Mas matar uma pessoa porque ela não consegue se controlar é outra coisa.
Fique esperto
Estamos caminhando, mesmo que não oficialmente, para a institucionalização da pena de morte. Por mais que pareça algo positivo em um primeiro momento, as pessoas que morrem têm cor e endereço. Aquele segurança não apertou o pescoço do jovem sozinho, tinha uma sociedade apertando junto.
O pior é que um cachorro morto em um estacionamento chama mais a atenção do que um jovem doente mental estrangulado. E todo mundo acha normal. Peço aos pais das quebradas que zelem pelos seus filhos e monitorem de perto os passos.
Vivemos em tempos difíceis. Para eles acabarem mortos por alguém que alega medo ou forte emoção é muito fácil. Depois, é só colocar algumas atenuantes, dizendo que ele era isso ou aquilo, e já era. Temos que ficar espertos.