Zona Norte
Bairro Santa Rosa de Lima registra 13 casos de dengue
Comunidade tem 13 casos autóctones, aqueles contraídos na mesma região onde a vítima vive. Prefeitura tem feito ações com pulverização de inseticidas na região.
Assustados. Assim estão os moradores do bairro Santa Rosa de Lima, na zona norte de Porto Alegre. Dos 14 casos diagnosticados de dengue em Porto Alegre neste ano, 13 deles foram em moradores da comunidade e autóctones (contraídos dentro da região onde vivem os pacientes). Em função disso, a prefeitura mandou às ruas agentes com vestimentas brancas e máscaras. Empunhando máquinas de pulverização, eles têm espalhado inseticida pelas vias da comunidade. A primeira operação foi na quinta-feira passada. Ontem, a ação se repetiu em outras vias.
Além do Santa Rosa de Lima, os agentes têm feito a aplicação em outros pontos da cidade. Nos dias 19 e 29 de março, por exemplo, as equipes passaram pelos bairros Medianeira e Boa Vista, respectivamente. Isso porque dois dos pacientes contaminados do Santa Rosa de Lima trabalhavam nessas regiões. Nas ruas da comunidade da Zona Norte, o sentimento é de que o serviço chegou tarde. Moradores relatam que as visitas de agentes responsáveis pelo combate à dengue deixaram de ser regulares há alguns anos. Assim, o salto no número de casos no início deste ano é uma espécie de consequência do "sumiço da fiscalização".
— O papel que tenho aqui, onde marcavam as datas das visitas feitas, já está desbotado. Há mais de quatro anos eu não via agentes vindo falar sobre a dengue aqui no bairro — recorda a doméstica aposentada Eva Machado Ribeiro, 66 anos, apontando para o desgastado adesivo colado na parede de casa, onde não é mais possível ler nenhuma informação.
Na semana passada, quando viu as equipes fazendo a pulverização na via onde mora com o marido, o sapateiro Evanir Rocha da Silva, 64 anos, Eva espantou-se:
— Estavam aplicando inseticida nesse mato aqui na frente, parecia coisa de filme.
Para Evanir, umas das causas da proliferação do mosquito é a quantidade de mato nos terrenos baldios da região.
— Passar veneno só nas margens não adianta, acho que a prefeitura precisava fazer os donos limparem esses matos. Isso é um perigo, um criadouro de mosquito — acredita o sapateiro.
Vendas
Em outro ponto do Santa Rosa de Lima, a comerciante Carine da Silva, 43 anos, relata que, conforme a notícia dos casos de dengue se espalhou, o número de moradores procurando inseticidas também cresceu:
— Os produtos de algumas marcas até acabaram em razão da procura tão grande.
Ela administra um pequeno comércio no bairro. O local, de propriedade da família dela, existe há 53 anos.
— Em todo esse tempo que estou por aqui, pouco vi combate ao mosquito. No tempo que trabalho aqui no mercado, por exemplo, nunca recebi visita de agentes — relata Carine.
O tatuador Vitor Gomes, 40 anos, também ficou espantado com a notícia. Em casa, ele diz que os alertas do filho, Henrique Bittencourt, 10 anos, fazem a família ficar atenta e se prevenir. O pequeno sempre aponta locais que podem conter água parada ou representem perigo para a saúde da família.
— A gente costuma ver essas coisas no jornal. Agora, foi aqui mesmo. Assusta, mas cabe a nós evitar que aconteçam mais casos — diz Vitor.
Com hábitos diurnos, o mosquito Aedes aegypti tem, em média, menos de um centímetro, é escuro com riscos brancos nas patas, cabeça e corpo. Para se reproduzir, ele precisa de locais com água parada, onde deposita os ovos.
Nova operação hoje
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) novas ações de pulverização de inseticidas serão realizadas na região do bairro Santa Rosa de Lima, hoje. Além disso, a secretaria deve divulgar também nesta terça-feira um novo balanço com o número de casos de dengue na cidade.
Na Zona Sul, um morador que viajou recentemente à Fernando de Noronha também foi diagnosticado com a doença. Por esta razão, o caso foi considerado importado. Mesmo assim, equipes espalharam inseticida no bairro Ipanema, onde vive o infectado.
O mosquito transmissor da dengue também transmite febre chikungunya — houve apenas um caso importado em 2019 na Capital — e zika vírus, doença da qual ainda não há registro de casos neste ano na cidade.
Cuidados
— Evite todos os focos de água parada: retire pratinho de vasos, use telas nos ralos de esgoto pluviais externos e mantenha calhas limpas.
— Também é importante manter garrafas guardadas ao abrigo da água e com o gargalo para baixo.
— Dentro de casa, são recomendados cuidados com os pratinhos de plantas. Bromélias, por exemplo, devem ser jateadas com água para retirar o acúmulo do líquido nas folhas.
— É indicado o uso de água sanitária em vasos sanitários.
— É importante refazer vistorias em casa após períodos de chuva, pois os focos de água parada podem ressurgir.
Sintomas
— Os sintomas de dengue e de febre chikungunya são muito parecidos e incluem febre alta de início súbito, que pode ser acompanhada de dor de cabeça e exantema (manchas vermelhas na pele).
— No caso da dengue, pode haver dor atrás dos olhos, náuseas e vômitos.
— O zika vírus é caracterizado também por manchas na pele e pode haver febre baixa.
— Ao apresentar os sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequados, todos oferecidos gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).